Maneiras de inserir pessoas com deficiência na sociedade estão em livro
Dicas da jornalista Claudia Matarazzo vão de comportamento a moda
Para a enfermeira Kênia Pottes, moradora do bairro de Campo Belo, lavar as mãos pode ser um grande desafio. Anã, ela tem 1,23 metro de altura – 36 centímetros menos que a média das brasileiras. “Em muitos banheiros, não consigo alcançar a torneira”, conta. “Passo por esse constrangimento em supermercados, shoppings e casa de amigos.” Para driblar o incômodo, bastaria deixar à disposição, perto da pia, uma plataforma que servisse de degrau. Soluções simples assim estão entre os atrativos do livro Vai Encarar? A Nação (Quase) Invisível de Pessoas com Deficiência, escrito pela jornalista Claudia Matarazzo, que será lançado na terça (2), na Livraria Cultura do Con-junto Nacional.
Com consultoria da vereadora tetraplégica Mara Gabrilli, ela propõe maneiras de facilitar o convívio de cegos, surdos e outros deficientes. Um capítulo trata somente de moda adaptada. “Toda a modelagem da roupa precisa ser diferente, mas muitas grifes não se dão conta disso”, diz Claudia. No último censo realizado pelo IBGE, em 2000, havia na cidade 1,1 milhão de pessoas com algum tipo de deficiência física ou mental – estimativas atuais apostam em 400 000 a mais. “São Paulo conta com a maior quantidade de serviços para esse público em todo o país”, afirma Mara Gabrilli, que já foi titular de uma secretaria da prefeitura criada para facilitar a vida desses cidadãos. Mesmo assim, ainda há muito que fazer. “No ano passado, um congresso internacional sobre o tema não pôde ser realizado aqui por falta de hotéis com no mínimo dez quartos adaptados”, lembra Claudia.
Etiqueta do não deficiente
– Quando conversar com um surdo, posicione-se de modo a facilitar a leitura labial – em geral, de frente.
– Antes de ajudar um deficiente, pergunte se ele precisa de seu auxílio. “Nem todo cego parado na calçada quer atravessar a rua”, alerta Claudia.
– Vai receber um cadeirante? Libere espaços para circulação. Nada de tralhas em corredores e banheiros.
– Não reprima a curiosidade das crianças. É natural que elas queiram saber mais sobre uma pessoa que, à primeira vista, parece diferente.