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MAM chega aos sessenta anos e é exemplo de museu na capital

Modelo de gestão, o Museu de Arte Moderna chega faz aniversário com dinheiro em caixa, público cativo e prestígio de crítica

Por Camila Antunes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h31

Para uma cidade preocupada com os problemas e as dificuldades do Masp, eis uma ótima notícia. Em julho, o Museu de Arte Moderna (MAM) completa sessenta anos com todos os motivos para festejar. Na celebração da data redonda já foram investidos mais de 6 milhões de reais em quatro grandes mostras. A primeira, Panorama dos Panoramas, inaugurada na semana passada, é uma retrospectiva com 101 obras incorporadas ao acervo do museu desde 1969, ano do primeiro Panorama da Arte Brasileira, que se firmou como uma espécie de vitrine da produção contemporânea. “A exposição conta um pouco da história do MAM”, diz a presidente Milú Villela.

Foi em 1969, por exemplo, que o museu se transferiu para o prédio que ocupa hoje, no Parque do Ibirapuera. Naquele momento, o acervo estava desfalcado. Seis anos antes, o mecenas Ciccillo Matarazzo havia transferido sua coleção de lá para o Museu de Arte Contemporânea da USP. “Um dos objetivos do panorama era reconstruir o acervo”, explica Felipe Chaimovich, curador do MAM. Estão na mostra obras de artistas como Nelson Leirner, Ernesto Neto, Mauro Restiffe e Alfredo Volpi. A partir de abril, o público poderá visitar Quando Vidas Tornam-se Formas, que fará paralelo entre a produção cultural do Japão e a do Brasil, e Marcel Duchamp: uma Obra que Não É uma Obra “de Arte”, com a qual será lançado um debate sobre o artista francês, famoso por suas instalações que usam objetos comuns, como uma roda de bicicleta e um mictório. Para encerrar as comemorações, haverá a exposição MAM 60 Anos, uma seleção das jóias do acervo.

Sem dívidas, com um acervo crescente e mostras que são sucesso de público e crítica, o MAM se transformou em um modelo de gestão que poderia servir de inspiração para o Masp. Em 1994, quando a presidência passou a ser ocupada por Milú Villela (a maior acionista individual da holding Itaúsa, controladora do Banco Itaú), ela pegou rodo e pano de chão para enxugar a água que gotejava do teto. Munida do mesmo espírito, bateu de porta em porta para convencer empresários a investir em cultura. Resultado: o número de parceiros saltou de quatro para oitenta e o público cresceu de 12 000 para 160 000 visitantes por ano. De 2005 para cá, o total de obras do acervo passou de 4 000 para 5 000. Ao lado dos patrocínios obtidos, a gestão de Milú Villela criou outras fontes de renda, como as lojas em shoppings e o licenciamento da marca, que estampa produtos como chinelos e garrafas de vinho.

Milú faz questão de enfatizar a importância do chamado setor educativo, responsável pela organização de visitas de escolas e de cursos no museu. Originalmente dedicado apenas a crianças e adolescentes, o departamento passou a atender anualmente cerca de 400 professores de diversas disciplinas (sim, ciências têm tudo a ver com arte contemporânea, por que não?), além de portadores de necessidades especiais. “Tenho uma aluna cega no curso de fotografia”, conta a educadora Daina Leyton. Outra iniciativa de sucesso são as recreações para pais e filhos. Nas três vezes que a especialista em arte infantil dinamarquesa Anna Marie Holm veio ao Brasil, o público chegou a 900 pessoas. Os jardins do parque ficaram lotados de bebês segurando pincéis. As atividades são, em geral, gratuitas. “Esse público precisa de atenção especial”, afirma Milú. Não, ela não quer soar boazinha. Sabe que o futuro das artes, e o movimento dos museus, depende da formação cultural dos jovens.

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