Mãe e filho vivem difícil relação em “Precisamos Falar sobre o Kevin”
Atuação de Tilda Swinton no drama pode lhe valer uma vaga no Oscar
Lionel Shriver, americana de 54 anos, conseguiu transformar seu sétimo romance em best-seller com um tema indigesto. Criar uma versão para o cinema do drama “Precisamos Falar sobre o Kevin”, a respeito da conturbada convivência de uma mãe com seu filho, não era, portanto, uma tarefa fácil. A missão coube à pouco conhecida diretora e roteirista escocesa Lynne Ramsay, que fez algumas alterações na estrutura, sobretudo limando a narrativa em primeira pessoa presente no original. Em pré-estreia em sete salas, o filme chega às telas na sexta (27).
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Nos primeiros minutos, a realizadora usa o vaivém do tempo, mas sem confundir o espectador. Dá para adiantar: no presente, Eva Khatchadourian (Tilda Swinton) vive acuada e está à procura de emprego. Sem marido nem amigos, ela encontra uma vaga como digitadora numa agência de viagens. Nas ruas, costuma receber olhares enviesados — isso quando não leva um tapa na cara de estranhos. Isso porque Eva é mãe de Kevin, preso por uma barbárie cometida anos antes. A história, então, acomoda-se no passado para enfocar o começo de tudo. Casada com Franklin (John C. Reilly), ela teve Kevin e já o achava estranho ainda bebê. A criança (Rock Duer) era malcriada, turrona e não havia nela nenhuma ligação sentimental com Eva. Maiorzinho (e interpretado pelo ótimo Jasper Newell), ficou pior. Virou um menino dissimulado e provocador, porém esperto e inteligente. Aos 16 anos (papel do ator Ezra Miller), Kevin decidiu aliar sua rebeldia à crueldade.
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Indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz (perdeu para Meryl Streep, em “A Dama de Ferro”), Tilda deve ganhar uma vaga no Oscar. Por meio de sua soberba atuação, compreende-se o andar sem rumo e o olhar vago da personagem. Com uma protagonista amargurada, o roteiro explora a relação entre mãe e filho como raras vezes o cinema abordou. Contado de forma envolvente e liderado por uma estrela em absoluto estado de entrega, esse duelo psicológico provavelmente não deixará a plateia indiferente.