Madame Sher é a rainha dos corseletes
Quem é a estilista que está faturando alto com o revival dos espartilhos

Uma das áreas em que o culto às coisas do passado se manifesta com mais força é a moda. Entre as mulheres, um conceito de elegância resgatado nos últimos tempos é o de exibir uma cintura ultrafina, mesmo que à custa de certo sacrifício. Resultado: o acessório necessário para compor esse look, o corselete, também chamado de espartilho, retornou às lojas e passarelas com grande sucesso. Em São Paulo, ninguém capitalizou melhor essa tendência do que a estilista Leandra Rios, de 30 anos, mais conhecida pelo seu nome artístico: Madame Sher.
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No seu ateliê, localizado no bairro do Paraíso, ela já produziu mais de 150 peças do tipo, sempre sob encomenda. Cada uma leva um tecido e uma aplicação diferente, característica que permite às clientes usarem as roupas tanto como lingerie quanto como acessório principal da produção. Os itens mais simples, feitos de sarja e tela, custam 380 reais. Mas a conta pode chegar a 7.000 reais se a compradora quiser um modelo com bordados ou seda pura. “Essas peças sempre exerceram um grande fascínio sobre as mulheres, principalmente por causa do interesse em enxugar a silhueta”, afirma Sher. “Faço uma releitura dos clássicos, com um visual mais clean e moderno.”
A central de produção, localizada no 1º andar de um prédio antigo na movimentada Avenida Bernardino de Campos, funciona em esquema de empresa familiar. Sher desenha as criações, sua mãe, Dina, de 49 anos, cuida da confecção e o irmão Emerson, 28, ajuda no acabamento. Por lá, ainda há mais quatro funcionários. A sala principal, onde as freguesas são recebidas, é decorada com carpete vermelho, móveis de estilo colonial e papel de parede com motivos vintage. Dali saíram espartilhos para a cantora Ivete Sangalo, a escritora Fernanda Young e a comediante Dani Calabresa, que fazem parte do grupo de fãs da grife. Outra celebridade que ajudou a divulgar os produtos foi a modelo burlesca Dita Von Teese, que exibiu em 2009 uma peça da marca. “Ela elogiou muito o resultado”, conta Sher.

Algumas criações, de tão rebuscadas, exigem sete máquinas diferentes para a costura. Depois de prontas, elas são entregues numa caixa de papelão personalizada e forrada com papel de seda, onde devem ficar guardadas pelas donas. “São muito delicadas e não têm conserto se estragarem”, explica Dina. Ali são confeccionados também saias e vestidos que compõem um conjunto com os espartilhos. Entre os modelos recentes que fizeram mais sucesso, figuram linhas inspiradas em divas de Hollywood como Audrey Hepburn e Greta Garbo. Nos últimos anos, parte do trabalho começou a ser exportada para Alemanha, França, Portugal, Japão e Austrália.

O fascínio pelo assunto acompanha Sher desde a época em que ela era criança. Criada entre linhas de costura e rolos de tecido por causa do ofício da mãe, ela nunca escondeu a paixão pelo corselete. A vontade de ter um sempre foi tanta que, com apenas 11 anos, chegou a pedir de presente uma cinta elástica para usar por baixo da roupa. Mas foi só bem mais tarde, no fim da adolescência, que decidiu mergulhar fundo nas pesquisas sobre o tema.
Em meados dos anos 2000, descobriu que no Brasil havia uma grande lacuna a ser preenchida em relação à produção desse tipo de roupa. Mesmo sem nunca ter visto um espartilho de perto, decidiu tentar reproduzir em casa os modelos estrangeiros encontrados em revistas de moda. Os primeiros testes deram certo e, graças à propaganda boca a boca de amigas que viam suas criações e compravam as peças, Sher passou a receber um número cada vez maior de encomendas e descobriu que não era a única a desejar um espartilho. Em 2004, resolveu formalizar a iniciativa, criando a marca e o ateliê. “Fiquei surpresa, pois não sabia que o negócio teria um alcance tão grande.”
À FRENTE DA ONDA RETRÔ
Nome: Leandra Rios, 30 anos, conhecida como Madame Sher
Início: aprendeu a trabalhar com a mãe, que é modelista
Endereço comercial: ateliê de 200 metros quadrados no Paraíso, onde ficam dois costureiros e outras duas funcionárias
Fontes de inspiração: atrizes do passado de Hollywood, como Greta Garbo e Audrey Hepburn
Preços das peças: de 380 a 7.000 reais
Clientes conhecidas: a cantora Ivete Sangalo, a escritora Fernanda Young e a publicitária e produtora Julia Petit, entre outras