Livro: “Pauliceia Desvairada”, de Mário de Andrade
Por sua relação visceral com a metrópole, as obras do escritor foram as mais citadas pelos especialistas
“Eu insulto o burguês! / O burguês-níquel, o burguês-burguês! / A digestão benfeita de São Paulo.” Os famosos versos de “Ode ao Burguês” integram o livro “Pauliceia Desvairada”, lançado pelo escritor Mário de Andrade (1893-1945) em 1922. Por sua relação visceral com a metrópole, as obras de Mário de Andrade foram as mais citadas pelos especialistas em literatura consultados por VEJA SÃO PAULO. “Na obra, a cidade não aparece como cenário, mas como protagonista”, afirma o professor Samuel Titan Jr., coordenador executivo do Instituto Moreira Salles. “Mário mostra uma São Paulo em transformação contínua, que se refaz a cada instante.” Questionamentos e críticas em relação à capital em que nascera e que viu transformar-se diante de seus olhos estão lá. “A cidade dita o ritmo da poesia”, complementa o crítico literário Manuel da Costa Pinto. Considerada a primeira obra de vanguarda do modernismo brasileiro, “Pauliceia Desvairada” rompeu de modo radical com a estética literária vigente. “Trata-se de um texto excessivo, provocador. Um sacrifício do autor pelos outros escritores”, diz o professor Augusto Massi, diretor editorial da Cosac Naify. Por isso mesmo, Massi prefere destacar outro livro de Mário de Andrade. “Lira Paulistana”, escrito pouco antes da morte do autor, marca sua despedida da São Paulo que tanto amou. Lá, o poeta pede que enterrem seus pés na Rua Aurora, seu coração paulistano no Pátio do Colégio, seus olhos no Jaraguá… Para que pudessem assistir a tudo o que haveria de vir.
+ Veja mais personagens marcantes da cidade
VOTARAM
• Augusto Massi, professor da USP e diretor editorial da Cosac Naify
• Humberto Werneck, escritor e jornalista
• Manuel da Costa Pinto, crítico literário e apresentador do programa “Letra Livre”, da TV Cultura
• Paulo Bomfim, poeta
• Samuel Titan Jr., coordenador executivo do Instituto Moreira Salles