Jovem morre após tomar remédio para emagrecer e mãe faz desabafo

A jovem Carolina Moura faleceu após fazer uso de sibutramina. Beatriz Martins postou uma carta no Facebook

Por Veja São Paulo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h35 - Publicado em 22 set 2015, 21h47
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sibutramina_2 (Reprodução Facebook/)
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Vítima do uso indevido de remédios para emagrecer, a jovem Carolina Martins Moura morreu na última sexta (18), em Goiânia. Mesmo com pressão alta, ela fazia uso do medicamento sibutramina, contra indicado neste caso.

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Em um desabafo no Facebook, a mãe da garota disse que ela “não estava satisfeita com seu corpo, que (…) ‘era cheio de curvas’”. Beatriz Martins ainda relatou que as reclamações da filha eram constantes. “Ela se achava sempre acima do peso e começava as metas de perder peso: academia, comer menos etc.”, escreveu.

Também revelou que Carolina usou o remédio pela primeira vez há alguns anos. No entanto, não havia se sentido bem devido a um problema de pressão alta. “Fiquei tranquila e achei que ela nunca mais fosse fazer uso deste veneno”, relatou.

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Uma semana antes da morte de Carolina, a mãe descobriu que ela havia voltado a tomar o remédio. “Fica um alerta aqui a todos que fazem uso indiscriminado deste medicamento, a todos que vendem na internet ‘o restinho que sobrou’, e aos laboratórios milagrosos que os vendem no mercado negro.”

Leia a íntegra do depoimento:

Perdi minha filha para a sibutramina

Quem conhecia a Carol sabe que ela era o sinônimo de festa e amigos. Não somente a festa de balada, era festa quando chegava em qualquer lugar trazendo sua alegria contagiante. Toda essa alegria hoje ficou na saudade de todos que a conheceram. Como ela tinha amigos! São vários amigos e ela adorava todos e se preocupava com seus problemas. Sofria quando via o próximo precisando de algo e não podia fazer nada, mas ela sempre procurava uma solução, ia atrás e quase sempre resolvia. Ela era cheia de vida, e planos, não parava um segundo.

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Infelizmente tudo isto não bastou para ela. Ela não estava satisfeita com seu corpo, que como carinhosamente disse o amigo do meu filho, “era cheio de curvas”. Ela se achava sempre acima do peso e começava as metas de perder peso: academia, comer menos etc. Anos atrás, ela usou medicamento para emagrecer, viu que não fez bem, veio até mim e se abriu. Ela não podia fazer uso desse tipo de remédio, pois tinha pressão alta, então desistiu, pois viu que não estava fazendo bem. Fiquei tranquila e achei que ela nunca mais fosse fazer uso deste veneno.

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Infelizmente, não sei o porquê, ela voltou a tomar… Não sei precisar quando, mas pelo menos há 1 semana antes de sua morte, de acordo com os relatos que me contaram. Notei, ao falar com ela ao telefone, que ela estava um pouco agressiva na terça-feira, mas como ela tinha uns rompantes de mau humor, pensei: “Hoje quem passar na frente da Carol vai levar uma tacada”. Respeitei seu mau humor naquele dia como se fosse um ato normal, mas não, já eram os efeitos da sibutramina e nem desconfiei.

Os efeitos colaterais deste medicamento nela foram fatais: mau humor, alucinações e creio que depressão, pois ela fez uso abusivo um dia antes de sua morte e, como procurou socorro muito tarde, não foi possível fazer a lavagem, somente aplicação de soro para reidratar o organismo. Ela foi liberada pelo hospital para ir para casa.

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Então ela me ligou às 5h da manhã com alucinações. Naquele momento eu não podia fazer nada, pois estava em Goiânia e ela em Uberaba. Disse a ela para fazer uma oração com a sua avó. Ela tinha uma certa mediunidade que ela não gostava, tinha medo de desenvolver. Liguei novamente às 6h e perguntei como ela estava. Falou que tinha acordado a avó, mas que ainda estava ouvindo alguém conversar na sala. Seu tio foi lá vê-la e, como era médico, viu que ela estava sob efeito de medicamento e, pressionando-a, ela contou o que havia acontecido no dia anterior. Seu tio orientou que ela tomasse bastante líquido e que alguém ficasse com ela. Ligou para meu marido e pediu que nós a buscássemos em Uberaba, porque ela estava precisando de ajuda. Infelizmente não chegamos a tempo de impedir que ela cometesse o ato fatal.

Tenho certeza que ela não queria partir. Era cheia de vida e planos futuros, estava muito feliz em Uberaba e falava isso para todos de coração aberto. Estava decorando seu quarto na casa da avó, que a acolheu com o carinho e zelo de sempre. Tenho certeza no meu coração que, se ela não estivesse sob efeito da sibutramina, nada disso estaria sendo vivido hoje. Ela não tomaria o excesso de comprimidos que tomou e nem teria perdido a vida num rompante de alucinação.

Agora, a pergunta que fica: “Como ela conseguiu esse medicamento?”. Tenho certeza que não foi prescrição médica, pois o histórico de saúde dela não permitiria o uso. Fica um alerta aqui a todos que fazem uso indiscriminado deste medicamento, a todos que vendem na internet “o restinho que sobrou“, e aos laboratórios milagrosos que os vendem no mercado negro.

É a cultura da magreza, do corpo perfeito que predomina no nosso país. O limite da perca de peso tem que ser natural, nosso organismo tem um limite e todos temos uma estrutura óssea pré-definida.

Quanta loucura tudo isso! O que me dói é ver a vida da minha filha ceifada desta forma. Se ela não tivesse conseguido este medicamento, sei que estaria comigo aqui no dia 12 de outubro, como havia programado. Por isso meu coração não está confuso, está dolorido, dilacerado de saudade e amor, mas estou certa de que nada faltou para a Carol neste breve tempo que ficou conosco. Não carrego a culpa de dizer: “O que deixei de fazer por ela?”, pois fiz tudo que sempre esteve ao meu alcance e ela sabe disso. Éramos não somente mãe e filha, mas infinitamente amigas. Saudades eternas.

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