Continua após publicidade

João Doria Jr. usou offshore para comprar apartamento em Miami

Incorporada em um paraíso fiscal, uma offshore foi usada pelo tucano para adquirir um imóvel em Miami sem que a propriedade aparecesse em seu nome

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 27 dez 2016, 18h13 - Publicado em 1 Maio 2016, 11h18
João Doria Jr
João Doria Jr (Ricardo DAngelo/VEJASP/)
Continua após publicidade

O pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, João Doria Jr., comprou uma empresa de prateleira do escritório panamenho Mossack Fonseca. Incorporada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, a offshore Pavilion Development Limited foi usada pelo tucano para adquirir um apartamento em Miami (EUA) em 1998, por 231 000 dólares, sem que a propriedade aparecesse em seu nome.

+ Teto desaba em shopping da capital

O Estado de S. Paulo encontrou contratos, procurações e cópia de passaportes de Doria e sua mulher, junto a mensagens de e-mail referentes à compra da offshore, dentre os 11,5 milhões de documentos dos Panama Papers, divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). A série provocou a queda do primeiro-ministro da Islândia e revelou esquemas de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio em dezenas de países.

Comprar ou abrir uma offshore não é ilegal, desde que a empresa seja declarada à Receita Federal no Brasil. Nelson Wilians, advogado de Doria, mostrou à reportagem uma das 27 páginas da declaração de bens de seu cliente no Imposto de Renda de 2016 na qual a Pavilion Development aparece declarada. Mas não atendeu ao pedido da reportagem para mostrar as declarações de IR de 1998, quando Doria comprou a offshore, e dos anos posteriores. O advogado disse que elas serão apresentadas à Justiça Eleitoral se Doria vier a ser formalizado como candidato.

Continua após a publicidade

A história da offshore de Doria começa em 15 de abril de 1998, quando ele compra a Pavilion da Mossack Fonseca, em negócio intermediado pela advogada brasileira Luciana Haddad Hakim. À época, o capital da offshore era de 12 000 dólares, dividido em 12 000 ações. Foram emitidos seis certificados ao portador. Os diretores da corporação eram João Agripino da Costa Doria (presidente) e sua mulher, Beatriz Maria Bettanin Doria (vice).

+ Irmãs usam WhatsApp para planejar assalto ao próprio pai

Menos de três meses depois, a Pavilion Development se tornou proprietária de um apartamento de dois quartos no apart-hotel Mutiny On The Bay, de frente para o mar, em Miami. Nos documentos do Dade County, a venda foi registrada por 231 000 dólares. Pela legislação brasileira, toda remessa ao exterior a partir de 100 000 dólares deve ser registrada no Banco Central.

Continua após a publicidade

Segundo seu advogado, Doria não fez remessas. Pagou a entrada de 30 000 dólares com uma permuta feita no Brasil, e o restante foi financiado em trinta anos nos EUA. O advogado diz que as parcelas do financiamento, de 2 056 dólares por mês, são pagas com rendimentos da locação do imóvel. A diária de um apartamento no Mutiny On The Bay custa 243 dólares. Para pagar a mensalidade, Doria precisaria alugar o apartamento por nove dias ao mês, pelo menos.

A offshore de Doria não realizou outros negócios até dezembro 2009, quando sua advogada à época, Luciana Hakim, cogitou fechá-la, em correspondência enviada à Mossack Fonseca. Nesse mesmo mês daquele ano, estava prevista uma importante mudança na legislação das Ilhas Virgens Britânicas: acabariam as ações ao portador de empresas offshore, e passaria a ser necessário registrar nos certificados de ações o nome do proprietário.

Em vez de fechá-la, Doria transferiu as ações da offshore em 8 de dezembro de 2009 para o Pavilion Trust, cujo endereço é o mesmo de outras empresas de Doria no Brasil, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. O nome de contato para assuntos relativos ao trust, segundo correspondência da advogada com a Mossack Fonseca, é o de uma funcionária de confiança de Doria, Celia Matias Pompeia. Simultaneamente, o capital da offshore aumentou para 50 000 dólares, divididos em 50 000 ações.

Continua após a publicidade

O trust é um jeito de colocar patrimônio sob confidencialidade – os beneficiários não são legalmente donos dos bens que o Trust administra – e um mecanismo para transferir legado financeiro para sucessores (filhos e cônjuge, por exemplo) sem necessidade de pagar imposto sobre herança. Em caso de morte de um dos beneficiários, os demais continuam usufruindo dos bens. Pelos registros da Mossack Fonseca, a Pavilion Development Limited continuava ativa até o ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

+ As principais notícias da cidade

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 39,96/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.