Iniciativa privada ajuda a restaurar monumentos públicos
Prefeitura busca parcerias para restaurar e preservar monumentos vítimas de vandalismo
Em abril, a prefeitura gastou 30 000 reais para restaurar a escultura Contando a Féria, do artista italiano Ricardo Cipicchia (1885-1969), instalada na Praça João Mendes, no centro. Menos de um mês depois, a obra de bronze com 1,5 metro de altura foi novamente alvo de pichadores. É um exemplo do vandalismo que assola os 400 monumentos espalhados pela cidade. Como a verba de manutenção do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) – 350.000 reais por ano – é insuficiente para cobrir buracos, limpar rabiscos e repor peças roubadas, a administração municipal passou o pires entre a iniciativa privada. Conseguiu 3,2 milhões de reais do Grupo Vo–torantim para a restauração de sete dos 32 marcos paulistanos em pior estado de conservação. O trabalho deve começar na próxima sexta e terminar em novembro. O investimento prevê ainda a preservação de outras 23 obras menos avariadas, como o Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera, que ganhará uma limpeza.
Entre os principais símbolos da depredação está o Monumento aos Fundadores de São Paulo, na região do Ibirapuera. Como se vê na foto acima, sobram pichações e faltam pedaços. Sua base de granito rosa ostentava, originalmente, duas placas de bronze que retratavam em alto-relevo a chegada dos colonizadores. Uma foi roubada há quatro anos. Para que a outra não tivesse o mesmo destino, o DPH achou por bem guardá-la num depósito. Devido ao acordo com a empresa da família Ermírio de Moraes, a prefeitura decidiu dar novo fôlego a um programa criado em 1994, mas que andava devagar, quase parando. Trata-se do Adote uma Obra Artística. “A adesão da Votorantim vai inspirar outros empresários”, torce Carlos Augusto Calil, secretário de Cultura. Os paulistanos esperam o mesmo. Mas, para que casos como o da escultura Contando a Féria não se repitam, é necessário investir em fiscalização. E tratar os vândalos como criminosos. Afinal, danificar um monumento público é crime previsto na lei ambiental, com penas de multa e detenção de três meses a um ano.