A voz dos nanicos
O que pensam os candidatos que registram nas pesquisas menos de 1% de intenção de votos
Campanha do tostão
Morador de Campinas, Paulo Bufalo, de 43 anos, começou sua carreira política na Pastoral da Juventude, na adolescência. Depois, foi duas vezes vereador pelo PT, mas deixou o partido em 2005 para ajudar na criação do PSOL. “Vou encerrar o processo de privatizações e rever os contratos fixados com as praças de pedágio”, promete ele, professor concursado da rede estadual. Com o objetivo de evitar o abuso de poder, o candidato quer criar um órgão para controlar as polícias. Segundo Bufalo, a campanha tem sido feita “tostão a tostão”. Por enquanto, gastou 10 000 reais com propaganda.
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Reconhecido no metrô
De família de comunistas perseguidos pelo regime militar, Igor Grabois, de 44 anos, soube seu verdadeiro nome aos 13. “Meus pais tinham medo de ser descobertos por meio da minha certidão de nascimento”, conta ele. Mesmo com quarenta segundos no horário eleitoral, o candidato do PCB afirma ser reconhecido pelas pessoas no metrô. “Aproveito para distribuir santinhos e jornais.” Morador do Tatuapé e professor de economia da FMU, Grabois deseja que as decisões do governo passem pelo crivo da população. “Temos de ocupar cada espaço que a constitucionalidade burguesa permita.”
O mais rejeitado
O currículo de Luiz Carlos Prates, conhecido como Mancha, é semelhante ao de outros candidatos nanicos: militante petista descontente sai para fundar outro partido. Em seu caso, o PSTU, em 1994. “Meu governo não vai servir às empresas capitalistas”, diz ele, que é eletricista de manutenção da General Motors de São José dos Campos. Como dirigente sindical, não pode ser demitido. Ele quer transformar o piso salarial dos professores em 2 200 reais por vinte horas de aula. “Elevaremos a qualidade do ensino com essa medida.” Segundo o Datafolha, é o campeão de rejeição, com 32%!
Dos Correios para as urnas
Nascida em São Bernardo do Campo, Anaí Caproni é militante de esquerda desde a adolescência — quando apoiava as greves dos metalúrgicos da região. Foi do PT, mas deixou a legenda para fundar o PCO, em 1995. “Temos como função criticar esse sistema político que permite eleger quem tem dinheiro e tempo no horário eleitoral gratuito”, diz ela. Com 43 anos, Anaí cursa direito no Largo São Francisco e trabalha no turno da madrugada no departamento de triagem de cartas dos Correios, em São Paulo. Seu marido, Rui Costa Pimenta, disputa a Presidência da República pela mesma sigla. “A classe trabalhadora nos apoia.”