Fotógrafa Graciela Iturbide ganha retrospectiva na Pinacoteca
Mostra reúne oitenta imagens de tom surrealista e mórbido
Nascida em 1942, a fotógrafa mexicana Graciela Iturbide ganha uma ampla retrospectiva. Em cartaz na Pinacoteca, a exposição é formada por oitenta imagens em preto e branco registradas nas últimas quatro décadas e emprestadas pela Fundação Mapfre, de Madri. É difícil ficar imune ao impacto surrealista e lúgubre de sua produção, iniciada no fim da década de 60 e dedicada mais ao delírio ficcional que ao aspecto documental. O tema básico da artista é a conturbada convivência entre arcaico e contemporâneo, passado e presente, sempre muito forte no México — embora a mostra traga ainda fotos da Índia, dos Estados Unidos e da Itália. Retratos das populações indígenas e rurais do Deserto de Sonora, clicados em 1979, caracterizam o início da carreira. Iguanas passeiam pela cabeça de uma senhora em vários dos registros, por exemplo.
Nos anos seguintes, Graciela mergulhou mais fundo em territórios da rica e complexa tradição de seu país, tais quais festas, procissões e os rituais que celebram os mortos. Daí a morbidez que aparece em paisagens repletas de urubus. Não deixe de conferir a série “O Banheiro de Frida”. Por mais de cinco décadas, o cômodo da casa da pintora Frida Kahlo (1907-1954) permaneceu fechado a pedido de seu viúvo, Diego Rivera (1886-1957). Ao ser aberto e fotografado, em 2006, revelou algumas surpresas, como retratos do ditador soviético Josef Stalin em uma banheira.
AVALIAÇÃO ✪✪✪