Georg Baselitz ganha individual na Estação Pinacoteca
Mostra “Pinturas Recentes” reúne trinta telas feitas entre 1999 e 2010
Poucos países souberam lidar tão bem com a herança dos traumas morais da II Guerra através da produção artística quanto a Alemanha. Isso fica claro na carreira de artistas como Gerhard Richter e Anselm Kiefer. O terceiro grande nome dessa geração do pós-guerra é Georg Baselitz, que ganha uma individual na Estação Pinacoteca, sua primeira na América do Sul — antes, ele esteve apenas na Bienal de 1975. “Pinturas Recentes” reúne trinta telas feitas entre 1999 e 2010, várias delas pertencentes à série “Remix”, iniciada há cinco anos e na qual o pintor resgata elementos de criações mais antigas.
Crescido na antiga Alemanha Oriental, Baselitz, de 72 anos, descobriu a vocação durante uma visita a um museu de Berlim, quando travou contato com o expressionismo abstrato americano, em voga durante a década de 50. As influências de Willem de Kooning, Philip Guston e Jackson Pollock o marcaram, bem como as dos conterrâneos Otto Dix e George Grosz. Apresentar trabalhos quase sempre de ponta-cabeça é o grande diferencial de Baselitz. “Além do elemento provocativo, ele acredita que dessa forma obriga o espectador a se concentrar somente na pintura e esquecer o contexto dela”, diz o curador Paulo Venancio Filho.
Os temas, ainda assim, não deixam de ser fundamentais. “Baselitz está profundamente imerso nos episódios da história alemã. Não por acaso, uma das obras faz alusão a uma suástica ao explorar as linhas de Mondrian”, explica Venancio. O filósofo Friedrich Nietzsche e o ditador Adolf Hitler são outras figuras retratadas. Tudo isso embalado por pinceladas vigorosas e traços propositalmente toscos.