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São Paulo sedia a primeira prova do calendário da Fórmula Indy

O evento dos dias 13 e 14 de março promete movimentar quase 120 milhões de reais e ser o quinto mais rentável da cidade

Por Daniel Salles
Atualizado em 5 dez 2016, 10h19 - Publicado em 5 mar 2010, 16h52
Indianápolis - Fórmula Indy
Indianápolis - Fórmula Indy (Rick Dole/Getty Images/)
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Disputado no Autódromo de Interlagos ininterruptamente desde 1990, o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 enlouquece os apaixonados por velocidade. Cerca de 140 000 pessoas lotaram as arquibancadas para assistir aos treinos e à prova no fim do ano passado. O evento injeta na economia paulistana 230 milhões de reais, o que o torna o mais rentável da cidade. Realizado aqui pela primeira vez em 1972, fez com que São Paulo ficasse conhecida como a capital brasileira do automobilismo. Esse apelido fará ainda mais sentido no próximo fim de semana, quando será realizada no Anhembi a primeira das dezessete corridas do calendário 2010 da Fórmula Indy. Nenhum outro lugar do mundo sedia etapas das duas categorias. A prova levou o nome de São Paulo Indy 300, já que o circuito tem 4,1 quilômetros de extensão e as 75 voltas totalizarão pouco mais de 300 quilômetros. Na Marginal Tietê ficará a maior reta de todo o campeonato, com 1,5 quilômetro — a velocidade máxima ali chega a 300 quilômetros por hora. “É, provavelmente, o único trecho em que será possível fazer ultrapassagens, pois o trajeto é cheio de curvas fechadas”, afirma o piloto baiano Tony Kanaan, um dos poucos brasileiros que faturaram um título na Fórmula Indy. A equipe vencedora da prova brasileira embolsará cerca de 60 000 reais.

De acordo com a Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo (SPTuris), 50 000 pessoas deverão comparecer ao Anhembi para conferir a disputa do domingo (14) e os treinos livres e classificatórios do sábado (13). Segundo a prefeitura, os visitantes deverão desembolsar por aqui quase 120 milhões de reais. Se isso ocorrer, a Fórmula Indy — já agendada para os próximos quatro anos — se transformará no quinto evento mais lucrativo da cidade. “Até agora, São Paulo era pouco convidativa para os turistas em março”, avalia Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris. A organização da corrida e a adaptação do Sambódromo custaram 45 milhões de reais. A prefeitura colaborou com 12 milhões de reais e o restante foi pago pela Rede Bandeirantes, que transmitirá a prova com exclusividade. “Um evento como esse tem tudo para se tornar economicamente viável no país”, diz Marcelo Meira, vicepresidente da emissora. “Organizá-lo era um desejo antigo do grupo.”

Chama atenção a velocidade com que tudo foi feito. A reunião entre os representantes da Fórmula Indy, da Bandeirantes e o prefeito Gilberto Kassab, que selou a viabilidade do evento, ocorreu em novembro. Outros municípios estavam na briga, como Ribeirão Preto, Salvador, Recife e Rio de Janeiro. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, chegou a fechar com os organizadores. Em julho do ano passado, ele deu entrevistas garantindo que a corrida seria realizada no Aterro do Flamengo. “A vista deixará Mônaco no chinelo”, declarou. De acordo com o vice-presidente da Bandeirantes, semanas depois Paes descartou a possibilidade sem dar explicações. Kassab exigiu que a disputa fosse realizada aqui por, no mínimo, cinco anos. “Desse mo do, a cidade ganha mais um importante indutor de negócios para a rede hoteleira, gastronômica e de serviços”, diz o prefeito.

Rick Dole/Getty Images

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Corrida de Indianápolis, no ano passado: a mais popular entre as dezessete provas da competição

Utilizar o Anhembi foi uma ideia da prefeitura. “O complexo já possui arquibancadas, galpões e está ao lado de um hotel e do Campo de Marte”, explica Caio Luiz de Carvalho. “Em nenhum outro local poderíamos montar um evento desse porte em tão pouco tempo.” Até quinta-feira passada, trechos do asfalto e algumas arquibancadas ainda não estavam finalizados. Mas os organizadores garantem que tudo estará pronto a tempo. Dois Boeings 747, vindos de Indianápolis, nos Estados Unidos, carregando 220 toneladas de equipamentos para a prova, vão pousar no domingo (7) no Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Pneus e itens menos delicados chegarão de navio em cinco contêineres. A carga será transportada até o Anhembi em 35 caminhões. Para evitar que o trânsito paulistano entre em colapso, a CET mobilizará 700 agentes e oitenta veículos, entre carros, guinchos e motos.

Indy x F-1

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Popularíssima nos Estados Unidos, a Fórmula Indy está longe de ter o mesmo prestígio que a modalidade de Felipe Massa e Rubens Barrichello desfruta no Brasil. A principal diferença entre as duas se refere ao orçamento das equipes. Todos os pilotos da Indy são obrigados a correr com o mesmo tipo de veículo, um Dallara equipado com motor Honda. Dependendo dos ajustes, os carros saem entre 980 000 e 1,7 milhão de reais. As equipes de Fórmula 1, no entanto, estão liberadas para gastar muito mais e podem construir os próprios bólidos — o orçamento anual varia de 90 milhões a 540 milhões de reais. “As regras da Indy impõem uma igualdade muito maior entre os oponentes”, afirma o jornalista Lemyr Martins, autor do livro A Saga dos Fittipaldi. “Mesmo corredores com pouco dinheiro podem levar a melhor em um campeonato.” A diferença de salários das duas categorias também é grande. Enquanto Schumacher e companhia recebem de 11 a 36 milhões por ano — sem contar os ganhos com publicidade —, pilotos da Indy faturam de 720 000 a 11 milhões de reais.

Bicampeão na Fórmula 1, Emerson Fittipaldi foi o piloto que mais despertou o interesse dos brasileiros para a Indy. Ele se sagrou campeão pela modalidade em 1989 e venceu duas vezes as 500 Milhas de Indianápolis, prova tida como uma das mais difíceis do automobilismo. Em 1996, um grave acidente o afastou das pistas, e o interesse do país pela Indy começou a minguar. No próximo fim de semana, seis brasileiros vão acelerar pelo Sambódromo, entre eles a paulistana Bia Figueiredo, que estreia na categoria. É uma chance e tanto de mudar esse quadro. O país terá o maior número de corredores, seguido dos Estados Unidos e da Inglaterra, ambos com três pilotos — os números podem mudar, já que as inscrições estão abertas até sexta (12). “As chances de termos um brasileiro no lugar mais alto do pódio são grandes”, acredita Tony Kanaan. “Com essa corrida, o esporte voltará a ter a popularidade de antes”, diz o piloto aposentado Gil de Ferran, chefe de uma das equipes.

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