Tudo em família: quatro espetáculos que trazem atores de duas gerações
"Vermelho" e "Um Violinista no Telhado" estão na lista
✪✪✪ “Nem Um Dia Se Passa sem Notícias Suas”, de Daniela Pereira de Carvalho. O ator Edson Celulari e o sobrinho Pedro Garcia Netto protagonizam o drama dirigido por Gilberto Gawronski. Na trama, um cirurgião (papel de Celulari) acaba de perder o pai e precisa se desfazer da casa herdada. O irmão caçula (vivido por Garcia Netto) questiona a objetividade com que o mais velho enfrenta o momento. Nesse embate entra em cena ainda o filho adolescente do médico, Miguel, também representado por Garcia Netto.
✪ “A Coleção”, de Harold Pinter (1930-2008). Dirigido por Esther Góes, o drama traz o ator Ariel Borghi, filho da experiente atriz, em um dos papéis principais. A trama é centrada em dois casais do mundo da moda. James e Stella (interpretados por Borghi e Amazyles de Almeida) entram em crise depois que ela passa uma noite com Bill (Marcelo Szpektor), o companheiro de Harry (Marcos Suchara). O que se vê é um elenco cambaleante em uma encenação conservadora, dirigida sem firmeza nem intenção de impor uma proposta. Se o objetivo era investir na estética vintage, resultou ultrapassado.
✪✪✪ “Vermelho”, de John Logan. Antonio Fagundes, 63 anos, um dos nossos mais respeitados atores, e seu filho Bruno Fagundes, de 23 anos, na tentativa de dar os primeiros passos sólidos, estão frente a frente no palco. A comédia dramática confronta o artista plástico Mark Rothko (1903-1970) com seu jovem assistente Ken, um aspirante a pintor com os ideais típicos da juventude e ainda ingênuo para saber que só a experiência ajusta algumas equações. A direção firme de Jorge Takla rege e segura os dois lados dessa história. Tanto o equilíbrio ficcional como o embate entre pai e filho (ou entre artista veterano e iniciante) são conduzidos de forma inteligente para seduzir e inquietar a plateia.
✪✪✪ “Um Violinista no Telhado”, adaptação de Claudio Botelho para peça de Joseph Stein, Sheldon Harnick e Jerry Bock. O musical centra em Tevye, um leiteiro judeu. À frente de 43 atores, José Mayer surpreende como o protagonista. O conflito se inicia quando as três filhas (Rachel Rennhack, Karina Mathias e Julia Fajardo, de 27 anos, filha de Mayer também na vida real) se rebelam contra os casamentos arranjados. Direção de Charles Möeller e Claudio Botelho.