Fafá de Belém: ‘Ninguém aparecia em casa sem telefonar’
A cantora relembra sua chegada a São Paulo
Fafá de Belém, cantora
Chegou em: 1962
Natural de: Belém (PA)
“Menina de tudo, cheguei a São Paulo aos 7 anos de idade. Papai pediu transferência de seu emprego da época, no Banco da Amazônia, para que mamãe viesse tratar um bico-de-papagaio. Fiquei embasbacada com o tamanho da cidade e dos prédios. Sem falar na quantidade de gente nas ruas. Uma multidão, para alguém acostumado com Belém. Essa sensação era bem nítida porque nosso apartamento ficava no 9º andar do Edifício Viadutos, projetado pelo (arquiteto) João Artacho Jurado, no centro. De cara, notei uma particularidade dos paulistanos: respeito ao espaço do outro. Ninguém aparecia em casa sem telefonar. Eu sempre fui espevitada e gostava de fazer coisas novas. Lembro que, uma vez, indo com minha mãe buscar meu pai no trabalho, na Rua Direita, passei em frente a uma escola de balé. Decidi na hora que seria bailarina. Eis que uma funcionária da escola me desaconselhou por ser ‘gordinha demais’. Sabe o que fiz? Eu me matriculei naquele exato momento. Em menos de seis meses, fazia todos os passos em sapatilha de ponta. Daí não parei mais de dançar, tanto que um ano depois venci um concurso e fui coroada Rainha do Twist. Aproveitava meu tempo livre para ir aos programas da TV Excelsior, na Rua Nestor Pestana. O meu favorito era o Moacyr Franco Show. Uma delícia. Foi ali que comecei a pegar gosto por palco.”