Exposição com arte indígena é vandalizada em Embu das Artes

Trinta obras de arte foram danificadas na mostra que ocorre em centro cultural da prefeitura

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 24 jul 2019, 18h24 - Publicado em 23 jul 2019, 18h40
Fotos mostram quadros e objetos de cerâmica danificados (Reprodução Facebook/Veja SP)
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No último dia 16, uma exposição em Embu das Artes, na Grande São Paulo, foi alvo de vandalismo. A mostra M´Bai, aberta no dia 6 no Centro Cultural Mestre Assis, gerido pela prefeitura municipal, chegou a sua terceira edição neste ano, desta vez com a temática do Ano Internacional das Línguas Indígenas, comemorado pela Unesco.

Dezesseis artistas produziram quarenta peças para o evento. Destas, trinta foram danificadas. A organização acredita que os vândalos tenham entrado de madrugada no endereço, que só abre às 9h. Quando os funcionários chegaram ao espaço encontraram diversos itens, como peças de cerâmica e quadros, danificados. Apesar do ocorrido, a mostra gratuita segue aberta até sua data final, nesta sexta-feira (26).

“Foi uma tristeza muito grande”, conta a curadora Margarith Foga. Este ano a organização conseguiu reunir artistas de sete etnias indígenas diferentes para a produção de obras que abrangem diversos assuntos da cultura dos povos originários. A exibição anual retoma as raízes de Embu das Artes, uma aldeia até 18 de julho de 1869, quando passou a ser classificada como freguesia.

“Não havia sinais de arrombamento nas portas, parece que era alguém que tinha a chave”, acredita Margarith. Quando chegou ao local, a polícia havia sido acionada e foi registrado boletim de ocorrência. Até agora, no entanto, não há nenhuma pista sobre os autores ou motivações do ato.

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Além do episódio, a organização enfrenta outro embate com a prefeitura de Embu, que gere o centro cultural. Após o ocorrido, os artistas pediram que os trabalhos continuassem expostos. “A maioria entendeu que se deixassem as obras danificadas, teria uma arte protesto. Entendemos e apoiamos”, explica Margarith.

A curadora relata, no entanto, que a administração municipal retirou os objetos danificados, e que se recusa a devolvê-los para os autores. “Entramos com uma ação com um advogado. Muitos artistas não têm sequer fotos das obras, e também não sabem como ficaram depois do vandalismo”, relata Margarith.

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No Facebook, um dos artistas que expunha no local, Thiago Carvalho Wera´i, escreveu sobre o episódio. Na postagem, que conta com mais de 4 000 compartilhamentos, o rapaz expôs sua indignação com o episódio. “Manifesto meu profundo repúdio ao ato de vandalismo à mostra, que ocasionou na destruição de algumas obras de artes dos artistas expositores, inclusive a minha”, disse. “Peço à Secretaria de Cultura de Embu das Artes a devolução da minha obra (em seu estado atual de ‘destruída’) após o ato criminoso que ocasionou na descaracterização da obra original.”

Procurada, a prefeitura repudiou o ocorrido contra a exposição, “que trata de obras com temática dos povos indígenas e sua valorosa contribuição para o desenvolvimento da cidade”. Questionada sobre as medidas que serão tomadas após o ocorrido, disse que registrou boletim de ocorrência, abriu sindicância para apuração de responsabilidades e alocou efetivo de guarda patrimonial para atender o local.

Sobre a retirada das obras, afirmou que o ato ocorreu para “resguardar as obras danificadas”, mas não respondeu às acusações da organização de que estaria se recusando a devolver os artefatos.

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