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Espetinhos colocam Aclimação na rota dos boêmios

Rua Brás Cubas concentra quatro bares

Por Janaina Pellegrini
Atualizado em 5 dez 2016, 19h30 - Publicado em 18 set 2009, 20h28

Uma estreita e arborizada rua na Aclimação tem sido o destino de paulistanos que, vira e mexe, migram de um bairro para outro atrás de novidades. Em 100 metros da Rua Brás Cubas concentram-se quatro bares que servem espetinhos de tudo que é tipo – dos clássicos carne e queijo aos menos comuns salmão e avestruz. “Venho porque é sossegado e tem gente bonita”, afirma a estudante de administração Giovanna Santini, de 22 anos. Ela sai de Moema, onde mora, para curtir a noite no Espetinho Aclimação. Pioneiro no pedaço, o estabelecimento abriu as portas há seis anos com capacidade para acomodar oitenta pessoas. Hoje, comporta 200 – às sextas e aos sábados, 500 clientes passam por suas mesas. “Servimos 30 000 unidades por mês”, calcula o proprietário, Alberto Junior Soubhia. A boa fase o levou a planejar outra expansão, prevista para janeiro, quando a casa ganhará mais setenta cadeiras. Logo apareceram outros empresários para disputar a freguesia com Soubhia, cada qual investindo em um diferencial. Shows de música ao vivo, por exemplo, são a aposta do Maria Namoradeira, onde as apresentações rolam diariamente, até as 22 horas. O Esquina do Espeto oferece cinqüenta variedades de churrasquinho, como o Bul Go Gui (de contrafilé com molho shoyu). Já o Cos-telão do Boni tem pratos fartos, sanduíches e rodízio de comida japonesa.

Preços que cabem na maioria dos bolsos estão entre as razões para o sucesso dessa modalidade de churrasco. Cada unidade dos sabores tradicionais, como carne, frango e queijo, custa em média 3 reais. Os especiais, como cordeiro e camarão, não muito mais que o dobro disso. Apesar de jovens de até 25 anos circularem pelos bares da Brás Cubas, predominam freqüentadores acima dos 30. O Maria Namoradeira, na esquina com a Rua Ametista, concentra a turma que prefere decoração caprichada. “Eu e meus dois sócios investimos 300 000 reais no negócio”, diz Celso Andretta Fujita. O Esquina do Espeto tem um ar mais rústico, enquanto os outros dois fazem a linha botecão. Todos lotam na happy hour de quinta a sábado.

A tendência de transformar pontos residenciais em comerciais teve impacto no mercado imobiliário do bairro. Em 2006, o aluguel de uma casa com três quartos custava, em média, 2 000 reais, segundo Valdir Saoncella, administrador e corretor que há 28 anos trabalha na região. “Atualmente, sai por três vezes esse valor”, estima ele. Alguns bares já se preocupam em diminuir o incômodo aos moradores da vizinhança. Na reforma do Espetinho Aclimação, o prédio ganhará tratamento acústico novo para impedir o vazamento do barulho. O Maria Namoradeira colocou ventiladores no andar superior, onde ocorrem os shows, e fechou as janelas do ambiente para diminuir o impacto do som. “Quem traz a clientela é o pessoal do próprio bairro”, afirma Fujita.

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