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Especial Dia dos Namorados: conheça casais que vivem e trabalham juntos

Para comemorar a data, reunimos pares que dividem a casa e a atividade profissional. Eles contam as suas estratégias para viverem mais felizes

Por Vanessa Barone, Laura Pereira Lima, luana.machado
6 jun 2025, 06h00
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Flor e Manu: diálogos na frente das câmeras e nos bastidores (Catarina Ribeiro/Veja SP)
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A vida a dois é cheia de desafios. E quando o casal, além de compartilhar a intimidade, também convive de perto no trabalho? Os desafios podem ser ainda maiores, incluindo a interferência de crises profissionais no ambiente doméstico, e vice-versa. Mas isso não é problema para os quatro casais ouvidos por Vejinha para este especial de Dia dos Namorados. Cada um, à sua maneira, encontrou uma forma de levar a parceria romântica para o ambiente corporativo — sem prejuízo da felicidade. Romances envolvendo colegas de trabalho ou casais que decidem empreender juntos não são novidade. Contrariando a máxima que diz que “onde se ganha o pão não se come a carne”, a realidade contemporânea tem mostrado que, respeitando certos limites (veja o quadro abaixo), a parceria profissional pode funcionar, colaborando, inclusive, para conquistas maiores.

O casal Frank Menezes e Thais Francoski, por exemplo, encontrou um no outro a companhia ideal para a realização de projetos. Júlia Tricate e Gabriel Coelho usam a intimidade como atributo na gestão dos quatro restaurantes que abriram juntos. Maria Flor e Emanuel Aragão encontraram no canal do YouTube um espaço para elaborar o relacionamento, enquanto a parceria de trabalho de Filipe Oliveira e Edu Camargo remonta ao início do namoro, há 16 anos.

Terapeuta de casais e famílias há mais de quarenta anos, a psicanalista Maria de Lourdes Caleiro Costa, 65, do Instituto Sedes Sapientiae, acredita que misturar trabalho com romance pode ser desafiador. Segundo a especialista, é muito importante que os casais mantenham um espaço individual, que vá além da vida a dois. E é, normalmente, no trabalho que as pessoas encontram esse espaço. “A vida se equilibra no diálogo entre os planos pessoal e profissional. Se um se sobrepõe ao outro, eles podem não mais se distinguir”, afirma. “O trabalho invade o casamento, e vice-versa.” Para minimizar os conflitos, pelo menos no âmbito profissional, a psicanalista sugere que o casal eleja uma terceira pessoa — um gestor profissional, por exemplo — para mediar as desavenças. “Indico isso também para familiares que trabalham juntos.” No mais, é válido também que cada um invista em uma atividade individual, sem o parceiro, para trazer um “respiro” para a relação.

 

Flor & Manu

O trabalho sempre foi ponto de encontro para Maria Flor, 41, e Emanuel Aragão, 42. Eles se conheceram em 2013, nos bastidores da segunda temporada de Do Amor, série do Multishow em que interpretavam um par romântico. Na época, ambos eram casados com outras pessoas. O reencontro veio apenas no fim de 2014 — e o casal fictício tornou-se real. A parceria profissional se intensificou em 2018, quando criaram o canal Flor e Manu, que hoje tem 230 000 inscritos no YouTube.

No programa, atualmente mensal, a dupla conversa sobre relacionamentos e os desafios da vida a dois, em vídeos com até 1h40 de duração. “O trabalho, de certa forma, é o momento que temos para ficar juntos, para conversar o que não conseguimos durante a correria da semana”, conta Emanuel. Ambos têm profissões paralelas — Flor como atriz e ele como psicanalista — que demandam muito tempo.

Além da desculpa para passar tempo perto, o canal virou uma espécie de terapia de casal. “É um lugar de elaboração da nossa relação”, explica o psicanalista. “É como um termômetro: quando o vídeo não flui, percebemos que precisamos conversar”, completa Flor. Algumas vezes, são os fãs que incitam à reflexão. “Esses dias, um comentário dizia que eu estava desmerecendo o Emanuel como pai. Reassisti ao trecho e percebi que tinha sido leviana.” Mas é uma faca de dois gumes. “Por mais que o trabalho estimule o diálogo, ele também abre espaço para conflito, porque é mais uma coisa que colocamos no cesto da relação, além do cuidado dos filhos e da casa”, aponta Maria Flor.

Para manter o equilíbrio, o casal buscou estratégias. “Tentamos não falar de trabalho fora do trabalho. Mas não faz sentido. Ele é sobre a relação, é sobre a vida. Não dá para separar”, admite ela. Uma medida prática foi criar um grupo de WhatsApp exclusivo para tratar do canal. Outro aspecto que facilita a convivência é o fato de terem carreiras separadas. “Acho que, se só trabalhássemos juntos, a gente enlouqueceria. É muito importante se afastar e se reencontrar. Que a gente viva coisas diferentes e conte um para o outro”, explica a atriz. Agora, o casal, que já trabalhou no YouTube, no teatro e na televisão, se joga em um novo desafio. Os dois estão escrevendo um livro em dupla, que deve ser lançado no começo de 2026 pela Editora Planeta. (Laura Pereira Lima)

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Os namorados Thais e Frank: projetos de vida traçados a dois (Nina Jacobi/Veja SP)

Thais e Frank

Embora oficialmente trabalhem em empresas diferentes, o gerente de marketing Frank Menezes, 42, e a arquiteta Thais Francoski, 34, estão sempre às voltas com projetos paralelos comuns, que envolvem a organização de eventos, ações de marketing e outras atividades culturais. “Trabalhamos juntos para realizar os nossos sonhos”, explica Frank. Entre eles, está a criação de um espaço de bem-estar, uma espécie de spa, onde as pessoas possam desconectar da rotina. E também um sarau cultural, a ser realizado uma vez por mês, para juntar pessoas interessantes para fazer network. “Temos o mesmo timing e as nossas trocas são muito boas”, diz o namorado, que também vive às voltas com a organização do Pagofrank, uma roda de pagode itinerante que começou no quintal de casa e, hoje, está na décima edição.

“A nossa rotina é parecida e a gente entende a relevância do trabalho um do outro”, afirma Thais, que mesmo formada em arquitetura também trabalha, no dia a dia, com comunicação e marketing. Antes de serem um casal de namorados — o que ocorre há cerca de um ano —, os dois já se esbarravam em eventos profissionais há pelo menos cinco. Mas o approach romântico se deu por meio de amigos em comum. “Fiquei preocupada. Pensei: se o namoro não for para a frente, vou continuar a encontrá-lo por aí”, revela Thais, que foi convencida pela lábia do gerente de marketing.

“Acredito que ninguém é autossuficiente. A gente se completa e aprende junto”, destaca Frank, que admira a inteligência, a agilidade e o coração enorme da namorada. “Gosto do jeito que ela vê o mundo. Ela é demais”, resume. Para Thais, a curiosidade e a capacidade de realização são as duas melhores características do parceiro. “Fora o fato de que ele é muito fofo”, elogia a arquiteta. Na quinta-feira 12 de junho, o casal completa um ano de namoro. Por enquanto, eles mantêm casas separadas, passando quinze dias em cada endereço. Nas horas vagas, gostam de praticar hot yoga, além de viajar para fazer trilhas. “Na cidade, gostamos muito de sair e descobrir lugares novos para comer”, conta Frank. (Vanessa Barone)

 

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Filipe (de rosa) e Edu: casal icônico do Diva Depressão (Nina Jacobi/Veja SP)
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Filipe & Edu

Era uma vez, em um tempo em que não existiam DMs e aplicativos de namoro, dois rapazes do ABC Paulista que se esbarraram num chat da internet. As conversas renderam um relacionamento de quase dezesseis anos e um dos perfis mais icônicos da internet brasileira: o Diva Depressão. No comando da página, que atualmente conta com um programa ao vivo na Dia TV e um canal no YouTube, está o casal Edu Camargo, 36, e Filipe Oliveira, 37, que trabalham lado a lado nessa operação virtual desde 2012, quando surgiu a primeira página no Facebook.

“Começamos o perfil fazendo memes. Na época, eu trabalhava com design gráfico e o Fih (Filipe) com telemarketing. Não monetizávamos, mas começamos a ganhar muitos seguidores. Então surgiu a ideia de usar o perfil para ganhar um dinheiro extra”, lembra Edu, natural de Santo André. O medo inicial de trocar os empregos tradicionais pela carreira na internet acabou quando o operador de telemarketing recebeu uma carta de demissão. A partir disso, Filipe decidiu se dedicar cada vez mais à rede, e assim surgiu o blog Diva Depressão.

A guinada permitiu que, em 2015, o casal realizasse o sonho de morar junto na capital paulista e tornasse o novo lar em um estúdio de gravação para o canal no YouTube, lançado em dezembro daquele ano. “Nosso primeiro apartamento era menor que a sala da nossa casa atual. Para gravar, era um arrastar de móveis, um estresse. Era só a gente no começo também, então, às vezes, o Edu passava a madrugada editando vídeos. Agora, a gente percebe quanto isso impactava a nossa relação”, compartilha o paulista de Mauá.

Atualmente, possuem um apartamento na Bela Vista que, além de ter o DNA dos dois com a decoração de móveis coloridos e objetos com referências aos filmes e séries preferidos deles, contempla a rotina de trabalho que compartilham. “Temos escritório e acabamos de reformar o cenário do nosso estúdio, que estreia nesta semana para comemorar os dez anos do Diva Depressão no YouTube. Nosso cotidiano está mais tranquilo e organizado”, afirma Edu.

Para facilitar os trabalhos, o casal se divide nas tarefas do canal, com Filipe focando na parte criativa dos conteúdos para as mídias sociais — que somam 1,9 milhão de seguidores no Instagram e outros 3,35 milhões de inscritos no YouTube —, enquanto Edu cuida das agendas e finanças, mas também deixam espaço para mesclar as funções. Esse é o segredo, como confessam, de não se sentirem chefes um do outro. Caseiros, Edu e Fih usam o tempo off-line para receber os amigos em pequenas reuniões e maratonar capítulos de novelas no fim do expediente. (Luana Machado)

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Os chefs Júlia e Gabriel: intimidade na vida e na cozinha (Nina Jacobi/Veja SP)

Júlia & Gabriel

Júlia Tricate, 30, e Gabriel Coelho, 36, se conheceram na cozinha em 2016 e até hoje compartilham a bancada. Ela entrou como cozinheira no restaurante carioca Pipo, de Felipe Bronze, onde Gabriel era chef havia cerca de um ano. “Foi muito rápido. Em um mês a gente já estava namorando e em dois meses, morando junto”, lembra ela. Em 2021 decidiram abrir em sociedade o De*Segunda, no Itaim Bibi, e não pararam mais: o casal de empresários hoje é dono também do De*Primeira Botequim, do Quintal De*Primeira e do Santokki, os três na Vila Madalena.

Apesar de só terem se conhecido pessoalmente na cozinha do Pipo, Júlia já sabia quem Gabriel era, porque acompanhava o The Taste, programa da GNT do qual ele participou em 2016. “Torcia para que ele ganhasse”, lembra ela, que venceu o mesmo programa no ano seguinte. Quatro empreendimentos de sucesso depois, a dupla já não se imagina trabalhando separada. “Temos muita intimidade na cozinha, já sabemos o que o outro precisa antes de pedir”, explica a moça. Os assuntos e perrengues do trabalho muitas vezes extrapolam o ambiente profissional, mas não costumam gerar crises.

“Quando alguém está cansado de falar de trabalho, avisa, e mudamos de assunto”, explica Gabriel. A companheira, contudo, denuncia o casal e confessa que, às vezes, eles acabam voltando ao tema cinco minutos depois.

Para ambos, o relacionamento é uma vantagem para a dinâmica profissional. “Com o tempo, a gente foi se complementando”, pontua Júlia, que é mais ligada à organização, enquanto Gabriel é da ação. Não existe fórmula mágica, mas os chefs compartilham alguns aspectos que ajudam a conciliar amor e labuta. “A gente não tem muito ego. Quando o Gab faz um prato ruim, eu falo que ficou ruim, e vice-versa. E a vida segue, ninguém fica chateado”, revela a cozinheira. “A gente também tenta equilibrar os surtos. No dia em que um está surtando, o outro tenta não surtar”, completa. A dinâmica do relacionamento melhorou bastante quando a equipe cresceu e os restaurantes se tornaram autossustentáveis. Antes, precisavam abrir e fechar o estabelecimento todos os dias, e agora podem se dar ao luxo de sair mais cedo, ou tirar uma folga. A flexibilidade será fundamental para o casal no futuro: Júlia está grávida de seis meses do primeiro filho. (Laura Pereira Lima)

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Para manter a paz

Dicas para preservar a relação, mesmo quando houver problemas no trabalho:

– Se forem sócios, eleger uma terceira pessoa (um profissional) para resolver impasses

– Definir horários para falar de trabalho em casa, e respeitá-los

– Manter atividades individuais, para ter um “respiro” na convivência

– Se forem funcionários da mesma empresa, checar a política para relacionamentos

 

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