Gustavo Taretto: “Eu adoraria trabalhar com a Alice Braga”
Diretor argentino está em São Paulo para lançar “Medianeras” em DVD e conversou com VEJINHA.COM
Gustavo Taretto vem a São Paulo nesta semana para o lançamento em DVD de “Medianeras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual”, que levou o Kikito de Melhor Filme Estrangeiro no último Festival de Gramado. O longa do diretor argentino causou sensação na cidade e segue em cartaz no Reserva Cultural desde seu lançamento, em setembro do ano passado. Caso raro mesmo entre os blockbusters de Hollywood, o feito é ainda mais curioso por se tratar de um filme independente e que se passa em Buenos Aires.
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Nesta quarta (8), Taretto conversa com o público na Academia Internacional de Cinema e no Reserva Cultural. No dia seguinte, o diretor participa de um debate, com vagas já esgotadas, no Espaço Cultural da 2001 Vídeo.
Fã confesso de Woody Allen, o cineasta conversou com VEJINHA.COM.
VEJA SÃO PAULO – Por que “Medianeras” fez tanto sucesso no Brasil?
Gustavo Taretto – Eu prefiro não saber. Se eu soubesse, meus próximos filmes poderiam perder a espontaneidade. Por alguma razão que desconheço meus trabalhos funcionam muito bem no Brasil, sobretudo em São Paulo. Acho que o clima do filme é parecido com a bossa nova de João Gilberto e de Tom Jobim. A melancolia mesclada com humor é algo que me interessa.
VEJA SÃO PAULO – Por que escolheu falar sobre amor virtual em seu filme?
Gustavo Taretto – O mundo virtual pode levar a qualquer lugar, que não é Nova York, Londres, São Paulo ou Buenos Aires. Acho que é por isso que o tema é universal e gera identificação. O filme tem uma estrutura muito simples, que permite que gente diferente se conecte a ele e aos personagens. Tanto em Paris quanto na minha cidade, o Facebook é o mesmo. É o melhor meio que criamos para nos relacionar, mas também pode gerar isolamento, ainda mais quando temos metrópoles superpovoadas e inseguras.
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VEJA SÃO PAULO – Antes de “Medianeras”, você fez um curta-metragem com mesmo o nome. Qual é a diferença entre esses dois filmes?
Gustavo Taretto – O curta é amador, o longa é profissional. Os dois têm a mesma história, o mesmo começo e o mesmo fim. Cada filme tem as virtudes do seu formato: o curta é sintético, o longa possui mais matizes e contrastes. O curta mostra só o lado brilhante da lua; o longa mostra ambos os lados.
VEJA SÃO PAULO – O que você sabe sobre o cinema brasileiro? Há algum ator brasileiro com quem gostaria de trabalhar?
Gustavo Taretto – Não conheço muito o cinema brasileiro. Poucos títulos chegam a Buenos Aires, só aqueles que fazem sucesso no exterior. Eu adoraria trabalhar com a Alice Braga.
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VEJA SÃO PAULO – Em “Medianeras” você faz uma homenagem a Woody Allen, com uma cena de “Manhattan” (1977). Ele influencia o seu trabalho?
Gustavo Taretto – Eu cresci vendo Woody Allen e gosto muito dos filmes dele, sobretudo dos da década de 1970 e 1980. Gosto como ele retrata a vida urbana, as neuras, os problemas existenciais e do coração. Tudo visto com muito humor, que é a única maneira de se levar uma vida digna. É um cinema muito profundo e agradável. É como a música de Tom Jobim.
VEJA SÃO PAULO – Então você deve estar torcendo para Woody Allen neste Oscar, não?
Gustavo Taretto – Não faço ideia de quem está concorrendo este ano.
VEJA SÃO PAULO – Quais são seus próximos planos para o cinema?
Gustavo Taretto – Espero que “Medianeras” tenha sido o processo mais longo da minha carreira. Foram três anos de trabalho intenso, com muita paciência, muita paixão e pouco dinheiro. Meu próximo projeto é bem distinto e eu espero rodá-lo até o fim do ano. Estou indo ao Festival de Berlim procurar interessados em coproduzi-lo.