Empresa retira, põe à venda e entrega móveis e eletrodomésticos usados
A Já Vendeu! leva produtos para galpão, os fotografa em estúdio e faz a intermediação da transação
Inaugurada “por acaso” em maio do ano passado em São Carlos, no interior, a Já Vendeu! acaba de desembarcar na capital paulista. O negócio, que recebeu em setembro um aporte de 500 000 reais de investidores-anjo, consiste na atuação como intermediadora de compradores e vendedores de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos usados. Funciona assim: o cliente (pessoa física ou jurídica) decide o que quer vender, tira uma foto e envia para a empresa.
Não há exigência mínima de quantidade. Pode ser um guarda-roupa, um videogame ou dezenas de cadeiras de escritório. Os objetos são retirados no local e levados para um galpão de 600 metros quadrados recém-alugado na Vila Guilherme (Zona Norte). Lá eles são fotografados em um estúdio e anunciados em páginas como OLX e Mercado Livre. “Nosso grande diferencial é que eliminamos a maioria das etapas que geralmente resultam em muita dor de cabeça para quem pensa em vender algo usado. Com a gente, o vendedor não precisa se preocupar com as fotos nem ficar respondendo a um monte de gente”, afirma Daniel Paredes, um dos quatro sócios da Já Vendeu!.
“Aparecemos com um modelo de negócio no momento em que muitos empresários se veem com poucos dias para se desfazer de seu mobiliário”
Além de 30% do valor da negociação, a empresa cobra pelo transporte das mercadorias nas duas pontas. “Na semana passada, retiramos um armário, um painel de sala, um fogão e dois criados-mudos, e o frete saiu por 40 reais”, diz Paredes. Outra possibilidade é o cliente entregar ou retirar os objetos na nova sede da empresa, localizada na Rua Leonor Fernandes Costa Zacarias, 1986, Vila Guilherme.
Em 2020, a média mensal de vendas do Já Vendeu! em São Carlos girou em torno de 30 000 reais. A meta para a capital até o fim do ano é mais ambiciosa: 200 000 reais mensais em negociações. Para isso, o quarteto de sócios aposta em um fenômeno provocado pela quarentena. “Tem muita empresa partindo para o home office definitivo ou se mudando para sedes menores. A maioria delas tenta vender os móveis a seus funcionários e outras dão muita coisa de presente. Aparecemos com um modelo de negócio superviável no momento em que muitos empresários se veem com poucos dias para se desfazer de seu mobiliário”, diz Lucas Navarro, outro sócio da startup, formado em ciências da computação e especialista em inteligência artificial.
Se por um lado a pandemia provocada pelo novo coronavírus se apresenta hoje como um momento para fortalecimento dos negócios, a quarentena imposta pelo governo do estado a partir de março do ano passado atingiu em cheio a primeira empreitada de Paredes e Navarro. Ambos se conheceram há quatro anos quando trabalhavam na GetNinjas, site de contratação de serviços. Da amizade surgiu a ideia de elaborar um aplicativo especializado em aproximação de pessoas. Criado em julho de 2019, o JoySpot, uma mistura de Tinder com catálogo de dicas de shows e baladas, virou água quando todo mundo foi obrigado a se trancar em casa.
“A ideia era atrair jovens que se mudavam de cidade e não tinham ideia de onde ir, onde curtir”, afirma Daniel Paredes. “Como costumamos construir as equipes primeiro para depois ver qual problema resolver, voltamos à estaca zero, mas recebemos a ideia e iniciamos o Já Vendeu! em menos de dois meses”, relata Paredes, que é colombiano e formado em engenharia de produção.
Os próximos passos dos quatro sócios são criar alternativas de negócio dentro do próprio escopo da empresa. Uma delas é uma espécie de garantia estendida para os móveis e eletrônicos. Outra ideia é atuar no ramo de restauro e conserto das mercadorias. Se a empreitada der certo, o caminhãozinho da foto que ilustra esta reportagem vai precisar ganhar outros parceiros de transporte para poder carregar tanta areia.
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Publicado em VEJA São Paulo de 13 de janeiro de 2021, edição nº 2720