Escolhido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) o melhor ator de 2009 e um dos favoritos ao Prêmio Shell, que será divulgado em abril, Elias Andreato, de 55 anos, volta à cena no monólogo Doido. Simultaneamente à temporada no Ágora Teatro, ele retoma também a comédia Amigas, Pero No Mucho, em que interpreta uma personagem feminina.
Há como explicar a aceitação do monólogo Doido?
Talvez porque Doido surgiu de uma necessidade de refletir sobre a minha história. Muitas vezes a profissão nos obriga a aceitar trabalhos pouco prazerosos pela sobrevivência e acabamos nos desgastando demais. Não enxergava mais o rapaz apaixonado que havia escolhido esse ofício há 33 anos. Queria falar também com uma plateia abrangente, sobretudo com jovens — tanto que já me apresentei na periferia e em universidades. Hoje, todos têm acesso enorme às informações e não aproveitam nada.
Como você não interpreta um personagem específico nessa peça, é mais difícil emocionar o espectador?
Um dos trunfos do espetáculo foi a unidade que estabeleci com os textos. Parece ser uma pessoa que está ali vivendo uma situação e não um ator oferecendo fragmentos dos escritos de Shakespeare, Fernando Pessoa e Antonin Artaud, entre outros. Talvez o personagem seja eu mesmo, com meus medos e inseguranças, satisfações e insatisfações.
Nos mesmos dias das sessões de Doido, com intervalo de uma hora, você está na comédia Amigas, Pero No Mucho, no Teatro Shopping Frei Caneca. Como sai da sobriedade de Doido para um papel feminino?
É muito corrido. Em pouco tempo, estou de salto alto e peruca para fazer o público rir em uma comédia absurda. Mas tenho um grande prazer nisso. É um aprendizado e uma experiência pela qual não havia passado antes talvez por puro preconceito.