Uma seleção de propostas dos principais candidatos ao governo de São Paulo
Perguntamos aos políticos o que eles pretendem fazer em diversas áreas da administração pública, como segurança, habitação e educação
Desde que assumiu o governo do estado pela primeira vez, em 1995, o PSDB consolidou um feudo no Palácio dos Bandeirantes. Os tucanos venceram as cinco eleições seguintes, sendo as três últimas já no primeiro turno — José Serra em 2006 e Geraldo Alckmin em 2010 e 2014. Neste ano, no entanto, a disputa está bem mais acirrada. Nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, Paulo Skaf (MDB), ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), aparece ligeiramente à frente de João Doria, que deixou a prefeitura paulistana em abril e enfrenta desgaste (também) por isso.
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Mais atrás estão o atual governador, Márcio França (PSB) — vice de Alckmin, que renunciou para concorrer à Presidência da República —, e Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo do Campo, berço do PT. Doria e França, que no início da disputa dividiram a atenção do eleitorado do PSDB e chegaram a discutir via imprensa a “preferência” de Alckmin, mantêm-se agora mais distantes do padrinho.
Durante a entrevista de mais de uma hora concedida à reportagem de VEJA SÃO PAULO, nenhum dos dois chegou a sequer pronunciar o nome do ex-governador, que até o momento patina nas pesquisas para a Presidência. Mesmo com essas polêmicas, os postulantes ao comando do principal estado da federação, dono de um PIB de 2 trilhões de reais e um orçamento de 216 bilhões de reais, ainda não conseguiram atrair os eleitores, sendo “esmagados” pela atribulada agenda nacional. Confira, a seguir, as propostas do quarteto para as áreas de transporte, educação, segurança, meio ambiente, habitação e saúde.
TRANSPORTE
O monotrilho terá continuidade?
João Doria (PSDB): Não. A expansão do sistema de monotrilho não será prioridade no meu governo. Embora esse modelo tenha um custo construtivo mais baixo, ele transporta menos pessoas e, no fim das contas, o custo-benefício fica comprometido. São Paulo precisa de um transporte de massa, que tenha volume, volume e mais volume. Essa será a nossa prioridade. Por outro lado, vou acabar as obras das linhas 15, da Zona Leste, e 17, na Região Sul, que estão quase prontas. Vou concluir as construções e pôr tudo em perfeito funcionamento.
Márcio França (PSB): O monotrilho interfere arquitetonicamente na cidade de forma mais agressiva. Por outro lado, não dá para ficar reclamando da vida. Vou concluir o que está em andamento e, lá na frente, passar para modais mais completos. Além disso, vou levar o trem da Linha 13-Jade, que para no meio do caminho, até o Aeroporto de Cumbica. Será uma espécie de teleférico até os terminais 1, 2 e 3. A obra custará 30 milhões de reais, farei com recurso do Tesouro e depois me acerto com o governo federal.
Luiz Marinho (PT): O sistema de transporte por monotrilho não é o ideal. Na Zona Leste, em vez da Linha 15, entre Vila Prudente e São Mateus, deveria haver metrô. A população da região é muito maior do que o modelo comporta. Sem falar que o governo de Geraldo Alckmin prometeu levar o monotrilho até a região do ABC e nunca cumpriu a promessa. Durante os quatro anos do meu mandato, nós vamos concluir o que precisa ser terminado nas duas linhas, tem também a Linha 17, e novos estudos apontarão que caminho devemos seguir no futuro.
Paulo Skaf (MDB): Não temos planos para mais linhas de monotrilho aqui em São Paulo. A rigor, é até uma obra mais fácil de fazer, mas só aqui existe essa novela que nunca acaba. Vamos terminar as linhas 15 e 17 no primeiro ano de gestão e depois podemos dar início ao trajeto até a região do ABC. Mas essa última parte seria para uma etapa seguinte, para o fim do mandato. Daremos prioridade ao transporte intermunicipal sobre trens, com ramais ligando São Paulo a Santos, Sorocaba, Campinas e Guaratinguetá, passando por São José dos Campos.
Sai a ligação terrestre entre Santos e Guarujá?
João Doria: Sim. Vou optar por uma ponte que será construída pela iniciativa privada. A opção do túnel não é ruim, a tecnologia é interessante, mas o investimento é alto demais. A ideia é propor uma concessão de 35 anos, com cobrança de pedágio. Mas o sistema de pagamento será flexível. Em horários de pico, a tarifa será normal. Em momentos de menor movimentação haverá um desconto. Em relação às balsas, vou privatizar todo o sistema operado atualmente pela Dersa, não só as que ligam Santos ao Guarujá.
Márcio França: Sim, farei uma ponte. O projeto custa 2 bilhões de reais e será tocado pela Ecovias, a concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes. É só esticar um pouco o contrato da concessão das rodovias. É o jeito mais simples e rápido. A ligação ficará a 1 quilômetro da entrada do Guarujá, em Vicente de Carvalho. Com a obra, toda a pressão imobiliária que existe hoje em Santos será deslocada para a cidade vizinha. No futuro, quem sabe um túnel pode completar o projeto.
Luiz Marinho: Ao longo das últimas décadas, os governos tucanos inauguraram maquetes, prometeram túneis e até agora nada foi feito. O projeto de ponte anunciado pelo atual governador, Márcio França, é o mais recente. Mas vamos analisar esse e os antigos estudos para saber qual é o melhor para a Baixada Santista. Sobre o modelo de negócio, o sistema de parceria público-privada me parece uma boa saída, mas existem outros mecanismos que serão estudados pelo meu governo.
Paulo Skaf: As cidades de Santos e Guarujá precisam de uma ponte e um túnel. Farei os dois. O túnel, que resolve a mobilidade local, terá 500 metros de extensão e 21 metros de profundidade. Ficará na região da Ponta da Praia, em Santos. A ponte, construída no quilômetro 62 da Anchieta, será destinada aos caminhões que precisam chegar ao outro lado do porto. Mas também poderá haver tráfego de veículos por lá. Cada obra custará 2 bilhões e será tocada pela iniciativa privada.
EDUCAÇÃO
Quais os projetos para as universidades estaduais?
João Doria: O volume de recursos estabelecido por lei será mantido, mas ficaremos mais próximos dos reitores para melhorar a gestão, sempre respeitando a autonomia deles. Sobre cobrança de mensalidade, de quem pode pagar, isso está em estudo pelo nosso grupo de trabalho. Estamos analisando a viabilidade para saber se poderá haver impacto no ingresso de recursos e se é possível destiná-los ao financiamento de pesquisas. No entanto, a prioridade do meu governo serão os ensinos fundamental e médio.
Márcio França: O desafio é fazer com que as universidades dediquem os recursos a educação e pesquisa. Para isso me disponho a tirar do encargo delas obrigações incorporadas ao longo dos anos. Cada refeição custa 17 reais para a universidade, mas o Bom Prato sai por 4,70 reais para o estado. Posso também administrar o Hospital Universitário da USP. O dinheiro para isso é um só e vem do contribuinte. Sobre estabelecer uma mensalidade, sou favorável a que os mais ricos paguem, mas precisaria mudar a Constituição.
Luiz Marinho: Nós vamos respeitar a autonomia das universidades estaduais, mas podemos ajudá-las a gerar mais receitas e potencializar as pesquisas científicas, que são fundamentais para o desenvolvimento do estado e do Brasil. Além disso, meu governo vai criar um plano de permanência para os alunos universitários, com incentivos para que eles consigam concluir o curso. Em hipótese alguma eu adotarei algum sistema de pagamento de mensalidade, mesmo para os estudantes mais ricos.
Paulo Skaf: As universidades são autônomas e não posso interferir nisso. Também não existe a possibilidade de alunos mais ricos pagarem mensalidade. O que precisamos fazer é aproximar a indústria dos centros de ensino para aumentar o potencial de pesquisa e inovação. Estamos na era da inteligência artificial. Podemos estudar uma forma de receita extra para as universidades estaduais vinda de serviços prestados, por exemplo, sempre observando as questões legais.
Como melhorar os ensinos fundamental e médio?
João Doria: Aumentar a remuneração dos professores é nossa meta, assim como a formação, a atualização e o estabelecimento de prêmios para quem não faltar. Para os alunos, a proposta é digitalizar o ensino. Vamos disponibilizar computadores, softwares, impressoras 3D, tablets. Não dá mais para ensinar apenas com giz e quadro-negro. As escolas terão o padrão Poupatempo. Não precisa de luxo, é só estar em ordem. As escolas técnicas serão ampliadas e vamos criar cursos vocacionados aos negócios de cada região: indústria, tecnologia, agronegócio.
Márcio França: Precisamos de sala de aula do século XXI, de professores mais bem remunerados e de animação dos alunos. A meta é que em quatro anos o professor estadual paulista seja o mais bem remunerado do Brasil. A partir do ano que vem, todo aluno do 2º e 3º anos do ensino médio poderá fazer os cinco cursos técnicos do Instituto Paula Souza, sem vestibular. Será na modalidade ensino a distância, na própria escola. Os cursos já estão gravados e montados. O ensino a distância, hoje, é infinitamente melhor do que no passado.
Luiz Marinho: Fazendo o mesmo que fiz em São Bernardo do Campo durante meus oito anos de mandato como prefeito. Quando assumi, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da cidade era 5,1. Ao sair, em 2016, o indicador havia pulado para 6,8. Para isso, vamos dobrar o salário dos professores nos próximos quatro anos. Além disso, vou implantar um plano para combater a evasão escolar, com a participação das famílias, que serão importantíssimas no processo. Vamos trazer para a sala de aula todas as crianças que estão fora da escola.
Paulo Skaf: Os ensinos médio e fundamental são nossa principal preocupação. Como presidente do Sesi, fiz uma grande reestruturação. Farei o mesmo no estado, um ano por vez. Assumo o mandato e tomo as primeiras providências, com equipamentos e disciplina. Vamos começar a construir uma nova história. Não farei agora aquelas promessas de políticos sobre aumento de salário. Primeiro vamos reduzir despesas, a roubalheira, fazer a arrecadação aumentar. No momento em que se tiver uma folga, quem vai ter reajuste primeiro serão professores e policiais.
SEGURANÇA
O que fazer para diminuir a burocracia nas delegacias?
João Doria: Vamos abrir todas as delegacias que estiverem fechadas à noite e nos fins de semana. E investir em tecnologia nos distritos policiais, que muitas vezes não precisam ser grandes, podem ser menores, desde que funcionem adequadamente e sejam digitais. Serão no padrão Poupatempo também. A Polícia Militar vai poder fazer os boletins de ocorrência no local dos acontecimentos, sem precisar deslocar as vítimas para as delegacias. Depois o B.O. será enviado eletronicamente para a Polícia Civil. O problema é que hoje as polícias estão sem integração nenhuma.
Márcio França: Como governador, já mandei abrir 66 delegacias na capital. Um boletim de ocorrência mais complexo deverá ser feito em um distrito policial maior, mas um registro simples pode ser lavrado em qualquer DP menor, com um escrivão e um investigador. O importante é estar aberto e transmitir à população uma sensação de segurança, que antes não havia. Para o policial também é bom, pois o decreto que assinei permitiu aumentar a remuneração dele em até 30%. É como na Operação Delegada da PM, para agentes em dias de folga.
Luiz Marinho: As delegacias de São Paulo precisam ser funcionais, com pessoas capacitadas para exercer as tarefas. No meu governo, todas elas funcionarão em tempo integral, 24 horas por dia. Os governos do PSDB acabaram com as nossas delegacias. Tem distrito policial que funciona das 9 às 18 horas, mas o crime ocorre em outros horários. Sem falar nos locais que foram assaltados recentemente. Como a população não registra ocorrência porque não aguenta esperar muito tempo, as estatísticas criminais estão todas erradas e não podem ser levadas a sério.
Paulo Skaf: Onde houver necessidade de uma delegacia, abriremos uma. Não é uma casa de alvenaria que resolve, são as pessoas. São Paulo está cheio de delegacia assaltada. Vamos desburocratizar os distritos policiais, com mais gente e com tecnologia de ponta. Um acidente simples, por exemplo, pode ser registrado na viatura da Polícia Militar, por meio de um tablet, sem problema nenhum. Depois, o documento é transferido para quem de direito. O modelo atual é do século passado. Quebraremos paradigmas em São Paulo.
Quais os seus planos para reduzir a criminalidade e o poder do PCC?
João Doria: Segurança será prioridade. Se for necessário destinar mais recursos e cortar de outras secretarias, nós vamos fazê-lo. Combate-se o PCC com inteligência, ações de campo e cerco à lavagem de dinheiro. Embora São Paulo tenha os melhores índices nacionais de controle de homicídios, não basta. Precisamos de sensação de segurança, que neste momento não temos. Vamos recompor gradualmente o efetivo das polícias e criar dezessete batalhões especiais (Baeps), cada um com 200 a 300 militares treinados no padrão Rota, o mais rigoroso da PM.
Márcio França: Com tecnologia, policiais mais animados e bem remunerados. E cada um no seu quadrado. Segurança é o principal desafio do meu mandato. Há vinte anos, São Paulo tinha 40 000 presos. Hoje tem 220 000 trancafiados. Se essa projeção se mantiver, daqui a vinte anos teremos 1,5 milhão de detentos. Cada um dos 8 000 internos da Fundação Casa custa 11 530 reais por mês. Essa conta nunca fecha. Daí a lógica do alistamento civil que eu proponho. É oferecer um salário ao jovem para ele prestar serviços à população e deixar de ingressar no crime.
Luiz Marinho: Vou impedir que o jovem seja aliciado pelo crime organizado. Vou também reestruturar as polícias Civil, Militar e Científica. A Polícia Civil está defasada, não investiga, não tem inteligência nem tecnologia. Vou avançar no combate ao crime organizado. Não adianta só construir presídios, como temos visto nos anos de comando do PSDB no estado. Isso vai mudar durante o meu governo. Vou aumentar os efetivos nas ruas e promover políticas de prevenção à violência. Além disso, os salários de todos os policiais serão fortalecidos.
Paulo Skaf: São três pontos principais que proponho para o meu governo. Um é reorganizar as polícias Civil e Militar, que estão hoje desfalcadas, abandonadas, sem tecnologia e que não se entendem. Outro é retomar os presídios dos criminosos, não faço acordo com bandidos. O último é atualizar a lei penal, acabando com visitinhas e saidinhas. Nesse último caso, como se trata de lei federal, acredito que o governador precisa de força política e liderança para rever uma legislação em Brasília. Coragem e vontade não me faltam. É só ir lá e aprovar.
MEIO AMBIENTE
Há risco de ocorrer uma nova crise hídrica?
João Doria: Fazendo as obras necessárias de engenharia hídrica para garantir que os reservatórios da Grande São Paulo não sofram em períodos prolongados de seca, como ocorreu há quatro anos, a resposta é não. Nós vamos incentivar, durante meu mandato, o uso racional da água, trabalhando mais para o bônus do que para o ônus, oferecendo condições vantajosas a empresas e residências que saibam usar os recursos naturais de forma adequada.
Márcio França: A estiagem deste ano é pior que a vista em 2014, mas, graças às obras milionárias da Sabesp, as represas foram interligadas. Para 2018 não temos uma situação alarmante. Podemos aplicar novamente a política de bônus, mas primeiro vamos começar uma grande campanha para dizer às pessoas que reduzam o consumo, que controlem os gastos. O paulista fez muito bem, economizou 35% há quatro anos. Além disso, vamos isentar de ICMS a água de reúso. Tratase de um grande incentivo.
Luiz Marinho: Vamos realizar campanhas permanentes e investir o que for necessário. Em São Bernardo do Campo fiz dezenas de obras de contenção de enchentes, muitas delas prejudicadas por não receberem recursos estaduais prometidos pelo então governador Geraldo Alckmin. Farei um planejamento a longo prazo. Há quantos anos não é construído um reservatório novo na Grande São Paulo? Trazer água de longe é muito mais caro. Criarei um novo reservatório na região metropolitana.
Paulo Skaf: Mais do que aplicarmos multas a quem consumir em demasia, nós vamos promover diversas campanhas educativas e adotar novamente a política de bônus em São Paulo. Mas é importante que a Sabesp contenha os vazamentos. Eu não conheço nenhuma empresa no mundo que jogue fora parte significativa da sua produção e que dê certo nos negócios. O que precisa ser feito é combater as perdas nas redes da Sabesp, que chegam a 40% do total captado nos nossos mananciais.
HABITAÇÃO
Como criar mais moradias no centro?
João Doria: Vamos construir prédios em regime de parceria público- privada e levá-los para a região metropolitana e outras quinze cidades importantes. O governo disponibilizará os terrenos e as empresas construirão os edifícios, que terão pelo menos doze andares. Além disso, elas vão administrar os condomínios e poderão explorar comercialmente os térreos. As unidades serão entregues com geladeira, fogão e chuveiro.
Luiz Marinho: No interior a gente vê muita casa popular e pouca gente. Aqui na capital há uma quantidade enorme de pessoas precisando de moradia e os prédios no centro estão abandonados. Faremos mutirão e daremos prioridade à reforma de edifícios vazios da região central da cidade. Sobre os padrões dos novos prédios, todos vão contar com elevador, porque assim podem ser mais altos e ter capacidade para abrigar mais pessoas.
Márcio França: Nosso esforço será na capital e nas regiões metropolitanas. Mas mudaremos o formato. Vamos adquirir apartamentos novos prontos, por até 135 000 reais. Compraremos 5 000 unidades por ano. Logo de cara vamos tirar as 8 000 famílias que estão na região central em edifícios prestes a explodir. Também vou desocupar todos os prédios comerciais públicos do centro e transformá-los em moradia popular.
Paulo Skaf: Minha prioridade serão as pessoas que vivem em áreas de risco. Nesses locais, sem água nem esgoto, as famílias não têm saúde. Precisamos de um levantamento sério para começar a tomar as medidas. Além da CDHU, que tem capacidade de entregar só 5 000 unidades por ano, vamos apostar em parcerias públicoprivadas e no financiamento de materiais de construção para as pessoas levantarem a própria casa.
SAÚDE
É possível acabar com a Cracolândia?
João Doria: Quando falei em acabar com a Cracolândia, após uma ação policial em maio do ano passado, falei fisicamente, citando aqueles quarteirões controlados pelo PCC. E aquilo está desocupado. Mas ainda tem traficantes e, lamentavelmente, usuários. Vou continuar o projeto Redenção, criado na prefeitura durante a minha gestão. Vamos oferecer atendimento clínico aos dependentes e promover ações educacionais. Tem de falar muito com os pais, evitando que os filhos sejam desgarrados. As ações policiais para a não ocupação criminosa serão mantidas.
Márcio França: Sim, é possível, mas não adianta explodir uma bomba e achar que vai resolver a questão. Só espalha mais os usuários, como aconteceu no ano passado. Tem de criar tratamentos em pontos diferentes. As pessoas são doentes. O programa Braços Abertos, do Fernando Haddad, não possuía a tese errada. Ele seguiu um caminho, conseguiu evolução, mas veio o João Doria e acabou com o projeto para conseguir emprego para os usuários em locais de renome. Não dá para achar que alguém naquela condição poderá trabalhar em um banco. Só casos excepcionais.
Luiz Marinho: Sim, investindo em centros de tratamento, como fiz em São Bernardo do Campo, e promovendo ações sem estardalhaço, ao contrário do visto nos últimos anos em São Paulo. No ano passado, o João Doria, ao dizer que tinha acabado de vez com a Cracolândia, esparramou os dependentes pelo estado, e foi parar gente até na Baixada Santista. Ele não resolveu a questão e ainda acabou com o Braços Abertos, que foi um bom programa do ex-prefeito Fernando Haddad na capital e que já estava colhendo frutos quando foi encerrado.
Paulo Skaf: Com cautela e carinho é possível, sim. O que não dá é para fazer no atacado, como temos visto ao longo das últimas décadas. Essas pessoas que vivem ali precisam de tratamento, mas para um melhor resultado é importante que elas queiram se submeter às terapias promovidas pelo governo. Na minha gestão, cada caso vai ser tratado de uma forma especial. Não dá para generalizar. Quero fazer acordos com ONGs, igrejas. A gente tem de oferecer tratamento adequado àqueles que estão no estágio de não ter como decidir o que é melhor para a sua vida.
Qual o projeto de medicina preventiva?
João Doria: Custa cinco vezes menos prevenir do que curar. Investiremos em comunicação para educar as pessoas, desde o básico, como lavar as mãos. Não é item de luxo lavar as mãos. Vou colocar mais de 100 carretas do Doutor Saúde em todo o estado. Mulheres poderão fazer exames de mama. Haverá outras específicas para a terceira idade e voltadas para a odontologia, a oftalmologia e para crianças. O Corujão da Saúde, igual ao da prefeitura, usará o espaço e o tempo ociosos de hospitais privados de grandes cidades para zerar a fila de exames.
Márcio França: Zerar em seis meses a fila de consultas e exames. Essa é a grande prevenção, juntamente com o esporte e a boa alimentação. Vamos abrir os Ambulatórios Médicos de Especialidades (AME) nos fins de semana para que a fila de procedimentos, atualmente com 1 milhão de pessoas, seja equacionada. O custo dessa etapa é de 130 milhões de reais. Quando se zera uma fila dessas, a demanda hospitalar cai significativamente. Além disso, vou cobrar judicialmente da União os custos com tratamentos de saúde feitos para pessoas que vêm de outros estados.
Luiz Marinho: Promoverei parcerias entre várias secretarias. Criei em São Bernardo do Campo o programa De Bem com a Vida. Lá os idosos começaram a dançar e melhoraram de vida. Dá para fazer o mesmo com os mais jovens. Vou estabelecer um debate permanente sobre a necessidade de aplicação das vacinas. Faremos o programa Mais Especialidades, com acesso fácil a consultas e procedimentos básicos. Vou chamar as redes municipais e as Santas Casas para conversar e estabelecer parâmetros. Ninguém mais vai viajar 500 quilômetros em busca de uma consulta.
Paulo Skaf: Com unidades básicas de saúde (UBS) de boa qualidade. Quando um paciente em situação não complexa dá entrada em um hospital, é ruim para ele e para a unidade que o atende. Mas, para que ele não vá a esses centros de urgência, tem de haver o primeiro atendimento eficiente. Saúde da família é maravilhoso, assim como as campanhas de vacinação. E muito disso está ligado a habitação irregular, esgoto sem tratamento. Está tudo interligado. Minha principal função será arrumar a bagunça, dar gestão e depois sentir quais são as necessidades reais.