Efeitos de iluminação se tornam atração nas casas noturnas paulistanas
Evolução tecnológica do sistema de luzes transformou os responsáveis pela parafernália em celebridades da noite
Na receita de sucesso de uma casa noturna, poucos itens evoluíram tanto nos últimos tempos quanto o sistema de iluminação. Saíram de cena recursos como globos espelhados, refletores, moving lights, luzes negras e lasers, quase obrigatórios em qualquer danceteria entre os anos 70 e 90. Esses efeitos deram lugar a sistemas muito mais sofisticados, como milhares de placas de LED piscando e mudando conforme o ritmo da música ou projetores que lançam imagens em alta definição ao redor da pista. Responsáveis por essa parafernália, arquitetos, designers e outros profissionais, como os VJs, ganharam o status de celebridade no circuito. Cada vez mais, o trabalho deles representa um diferencial nas competitivas baladas paulistanas.
“É um investimento hoje fundamental para atrair o público”, afirma o carioca Muti Randolph, responsável pelo projeto da D-Edge, na Barra Funda. Clube-referência no assunto, já foi parar nas páginas da revista inglesa de design Wallpaper. Quase 400 retângulos que apresentam 16 milhões de combinações de cores se espalham pelas paredes, pelo chão e pelo teto. Eles piscam de acordo com as batidas da música e dão mais força às levadas eletrônicas. “São todos feitos de LED (diodo emissor de luz), material praticamente obrigatório nas baladas pelo mundo, pois é extremamente flexível e consome muito menos energia”, explica Randolph.
É surpreendente a transformação que um projeto visual moderno pode provocar num ambiente. Exemplo disso é o bar Sonique, na Consolação. No mês passado, o lugar, que tinha iluminação sem graça, incrementou o ambiente com o auxílio de três projetores. As festas, quase imediatamente, ganharam muito em animação. Concorrentes da noite como a Clash, na Barra Funda, que investiu 140.000 reais em seu sistema de luzes, chegam a usar o triplo de projetores para ajudar a tornar a balada inesquecível. Na refinada Mynt Lounge, o destaque são as imagens exibidas em 360 graus.
Muitas vezes, além de criarem a infraestrutura do show de luzes, os VJs participam da festa, manipulando os efeitos durante a balada num palco, como os colegas que cuidam da música. “Para o clima da pista continuar divertido, tem de ter novidade e movimento”, acredita Alexis Anastasiou, um pioneiro dessa área no Brasil. Ele é sócio de uma das empresas mais procuradas do ramo de projetos de iluminação para boates, a Visualfarm, e também faz exibições em endereços como o Sonique e a Clash. “As imagens podem ser mostradas tanto sob meu comando ao vivo quanto em uma sequência pré-programada.”
Feras como ele costumam faturar até 2.000 reais por noite. Outro destaque é o designer Lonardi Dona, que tratou da iluminação de pistas célebres da capital, como The Week, Lions e Hot Hot. Essa última, aberta há um ano e meio, tem o teto e as paredes forrados por 8.000 quadradinhos de luz, um número para lá de respeitável na cada vez mais psicodélica noite paulistana.