Dom Salvador se apresenta em noite única no Bourbon Street
Cultuado pianista paulista radicado em Nova York participou do álbum de Roberto Carlos em 1970
Nascido em Rio Claro (SP) e radicado em Nova York desde 1973, o pianista Salvador da Silva Filho, o Dom Salvador, morou em São Paulo entre 1961 e 1964. Pouco tempo, mas o suficiente para ter boas recordações. Na época, ele aproveitava bem a boemia da cidade em jam sessions noites adentro. “Tocávamos até as 8 da manhã”, recorda. Em 1965, quando já vivia no Rio de Janeiro, ele voltou para se casar na Igreja Nossa Senhora do Brasil — e teve Elis Regina no papel de madrinha. Hoje, aos 71 anos, quando aparece aproveita para visitar os parentes. É o que pretende fazer depois de se exibir no Bourbon Street à frente de Rodrigo Ursaia (sax), Mauricio Zottarelli (bateria) e Itaiguara Brandão (baixo). Em formato de aula-show, sua rara apresentação integra a série Sala do Professor Buchanan’s, comandada por Daniel Daibem e transmitida pela rádio Eldorado FM.
Competente músico de estúdio, Dom Salvador tocou piano em Jesus Cristo, incluída no álbum de Roberto Carlos de 1970, e gravou com Elis, Edu Lobo, Mário Reis, Zé Keti e outros. Também liderou a banda Abolição, com a qual registrou o cultuado LP Som, Sangue e Raça, tornando-se um pioneiro do samba funkeado. Só foi se apresentar no Brasil de novo em 2003, trinta anos após acompanhar Nara Leão no Rio; retornou depois em mais duas ocasiões. “Continuei visitando o país, mas, como trabalhava muito em Nova York, não marcava shows aqui.” No repertório da vez, calcado em samba-jazz, há composições suas como East River Blues e Clauditi, além de Mariá, tema em homenagem a sua mulher, com quem se casou na igreja do Jardim América.