Sem lançar um disco de estúdio desde 2007, o Capital Inicial volta à carga com o CD ‘Das Kapital’, referência a ‘O Capital’, livro de Karl Marx, em alemão. Em vez de excursionar pelo Brasil antes de trazer a turnê para São Paulo, como costumava fazer, o grupo brasiliense de pop rock resolveu começar por aqui. É o primeiro show paulistano da banda desde que o vocalista Dinho Ouro Preto se acidentou. Em 31 de outubro do ano passado, num show em Patos de Minas (MG), ele andava de costas quando, sem notar o término do palco, despencou de uma altura de 3 metros. Sofreu traumatismo craniano leve e ficou um mês internado.
O que mudou depois do acidente? Tenho certa dificuldade de me considerar um sortudo porque poderia ter morrido ou ficado tetraplégico, mas foi um momento de reconsiderar várias coisas. Uma delas, o próprio trabalho com o Capital. No novo CD, mudamos o produtor (David Corcos), o cenógrafo, o fotógrafo das capas dos discos. Tínhamos uma pegada ao vivo que nunca acabava sendo traduzida nos álbuns. As guitarras, por exemplo, ficavam exageradamente baixas. Queremos soar como nos ensaios e no palco.
O que acha de São Paulo? Quando vim morar na Bela Vista, perto da Nove de Julho, considerava um cenário parecido com o filme ‘Blade Runner’. Mas fiquei surpreso ao ver como a cidade era aberta para o mundo, ao contrário de Brasília, muito provinciana. Hoje moro no Jardim Paulista e tento fazer tudo de bicicleta pelo meu bairro mesmo.
Você é descendente do Visconde de Ouro Preto e filho de diplomata. Houve alguma reação familiar quando virou roqueiro? Meu pai é casado com a mãe do Dado Villa-Lobos, o guitarrista da Legião Urbana. Quando começamos no rock, eles estavam morando na Guiné-Bissau; assim que voltaram, as coisas já haviam acontecido. Não houve pressão para eu me tornar diplomata, embora seja muito interessado em política internacional. Cresci num ambiente mais acadêmico, mas nunca teve nada dessa coisa aristocrática.