Dia dos Professores: tecnologias como a IA contribuem com trabalho de educadores
Especialista aponta a otimização de tempo e aulas mais criativas como alguns dos benefícios

A discussão sobre o avanço tecnológico alcançou as salas de aula. A partir desses debates, o governo do Estado de São Paulo lançou uma consulta pública no último dia 7, para analisar a opinião da sociedade civil e da comunidade escolar acerca dos usos crítico, criativo e responsável das tecnologias digitais. Ferramentas como assistentes de inteligência artificial podem ser aliadas dos professores para o desempenho do trabalho e desenvolvimento dos alunos?
Pedro Teberga, professor universitário na Faculdade Einstein, em São Paulo, e especialista em desenvolvimento de negócios digitais, explica que as tecnologias digitais podem contribuir com a atividade docente, mas é preciso adotar uma prática responsável.
Benefícios da tecnologia nas aulas
A pesquisa “Teaching and Learning International Survey” (Talis), realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostrou que o Brasil está entre os 10 países em que mais docentes relataram utilizar a nova tecnologia de IA, com um índice de 56,1%.
Teberga aponta que o uso responsável dessa ferramenta pode contribuir para a otimização de tempo dos profissionais de educação no sentido de pensar em ideias para aulas mais dinâmicas ou até mesmo no preparo de aulas.
“Criar uma aula hoje em dia tende ser um pouco mais fácil, até para se ter ideias de dinâmicas, porque a vida de professor é corrida. Então, essas ferramentas ajudam a ter um pouco mais de criatividade e velocidade nesse processo”, avalia.
Para além da IA, também há outras alternativas para usar as tecnologias de forma benéfica nas aulas. A gamificação é uma delas, que oferece um estímulo competitivo nas salas de aula com o acúmulo de pontos e a premiação em algumas atividades. O professor exemplifica essa dinâmica com a plataforma digital Kahoot que promove jogos de aprendizado.
Alfabetização digital dos docentes
Apesar do recorrente uso da IA pelos educadores para realizar as mais diversas atividades, a qualificação necessária para utilizar essa tecnologia ainda se mostra escassa.
A pesquisa da OCDE também revelou que 64% dizem não ter habilidades ou conhecimento para esse uso e 60% , que a escola não apresenta estrutura para essa tecnologia. Teberga explica que, apesar do Brasil se destacar como um país aberto a inovações, a estrutura e orientação ainda estão em desenvolvimento.
O uso indiscriminado dessas tecnologias pode gerar riscos e, por isso, deve seguir orientações, como a dupla checagem. “Muitas vezes, terceirizamos muito nossas atividades com ferramentas como essa, confiando 100% nela. E é aí que se comete um grande erro”. Teberga pontua, assim, a necessidade de uma alfabetização digital e capacitação do corpo docente que atenda não apenas ao uso de IA, mas de tecnologias como um todo.
Em sua opinião, a educação e a tecnologia caminham juntas e, conforme evoluem, a necessidade por regras que regulamentem essa relação também surge. “Eu vejo sempre com bons olhos essa questão, na medida em que a tecnologia já faz parte do nosso dia a dia”, afirma.