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Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
4 fev 2017, 13h25

Por Mário Viana

Pode ter sido a influência da Serra do Mar. Ou o efeito dos ventos que se cruzam na altura do Espigão da Paulista, vindos dos quatro pontos cardeais. Deve haver algo também dos tupinambás e tamoios misturado ao sangue dos bandeirantes devastadores e ao suor dos negros que fugiam das fazendas.

Não é preciso nem pesquisar tanto para encontrar sinais dos estrangeiros das mais diversas origens que fizeram daqui sua residência permanente. Tudo isso, misturado na centrífuga do tempo, incutiu no DNA do paulistano o gosto pelas viagens. Contam-se nos dedos os nativos de São Paulo que não têm uma quedinha por aeroportos, ferrovias, rodovias e outras formas de transporte ainda por inventar.

Seja porque tem uma tia que mora no interior, seja porque começou a namorar uma figura da Baixada Santista, seja apenas porque é feriado e há a vaga promessa de um fiapo de sol, o paulistano comum não desperdiça a oportunidade de botar o pé na estrada. Mais que gostar de viajar, somos o tipo de turista que saboreia avidamente cada etapa do processo. Se fôssemos um país, viajar seria nosso esporte nacional.

Praia é sempre motivo de encantamento para um paulistano. Serve piscina, lago, rio, cachoeira ou cascata. Em últimos e desesperados casos, o esguicho do jardim cumpre a função de refrescar a turistada. Quem nunca passou um fim de semana na chácara de um conhecido segurando uma mangueira e espantando borrachudo? Pior: voltando para casa feliz da vida com o programão.

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Há vários tipos de viajante. Os mais intrigantes são aqueles que vão sempre para os mesmos destinos, fazem questão de ficar no mesmo hotel e, se possível, no mesmo quarto. Compreendo que eles queiram se sentir em casa, ainda que longe dela. Mas o prazer de descobrir novidades vai ralo abaixo.

Há o time dos fanáticos pelo mapa-múndi. Caso de Murilo e Renata, que passaram o Ano-Novo em Cartagena, na Colômbia, fazendo todos os passeios de barco existentes entre a cidade colonial e o mar do Caribe. Mesmo com saudade de suas cachorrinhas, que ficaram na Vila Matilde, eles já planejavam a próxima viagem enquanto a cervejinha da atual ainda estava gelada.

Há o viajante que se encanta com tudo, incluindo a água sem gás. Esse tipo adora aprender expressões do idioma local, transformando- se num Google Translate ambulante. Fazem parte do repertório bom-dia, boa-noite, quanto custa e dois palavrões, só para deixar as histórias mais picantes.

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Há o que desconfia de tudo e o que morre de medo de ser assaltado. Há o que não abre mão do arroz, feijão e bife e o que pede qualquer coisa do cardápio que soe exótica e até um pouco viscosa. Há o que dorme em qualquer canto e o que não entra no avião sem o travesseiro de estimação, feioso e deformado.

Mas uma característica diferencia o paulistano de qualquer turista brasileiro. Nenhum outro é capaz de, colocado na companhia de seus conterrâneos durante uma hora, discutir longamente sobre qual a melhor pizzaria de São Paulo. Paulistano que é paulistano sempre tem a “sua” pizzaria do coração.

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