Covas confirma que vai despejar famílias na região da Cracolândia

Preocupação é com aglomeração no local pela Covid-19, diz prefeito

Por Agência Brasil
Atualizado em 23 Maio 2024, 10h09 - Publicado em 30 jul 2020, 17h12
Bruno Covas aparece sentando em bancada durante coletiva de imprensa, usando máscara, com logotipo da prefeitura ao fundo
O prefeito Bruno Covas (PSDB) (Reprodução/Instagram/Veja SP)
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O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, confirmou nesta quinta (30) que devem ser despejadas as famílias de duas quadras da região da Cracolândia, na Luz, no centro da cidade. “A reintegração das quadras 37 e 38 estão previstas já há algum tempo, não é nenhuma novidade. Aqueles que acompanham as ações da prefeitura sabem que isso já estava previsto, já tinha sido solicitado ao Judiciário há algum tempo, fazem parte de um programa de requalificação daquela região, de ações para tentar diminuir o fluxo que está lá presente”, disse em coletiva de imprensa.

Covas disse que uma das preocupações é aglomeração que acontece na região. “Uma preocupação extra no momento em que se deve evitar aglomerações. Então, é um trabalho contínuo que a prefeitura desenvolve naquele espaço, que não vem de agora e que continua mesmo durante a pandemia”, disse.

Recomendação contra despejos

O Ministério Público de São Paulo já fez uma recomendação para que a prefeitura não faça despejos de pessoas em situação vulnerável durante a pandemia e enviou um outro ofício para que as pessoas pudessem permanecer nos imóveis das quadras na Cracolândia. A ação prevê a retirada de ao menos 190 famílias que vivem em pensões, hotéis e cortiços na área para que os imóveis sejam demolidos. O plano prevê que os terrenos sejam usados para a construção de unidades habitacionais.

Na recomendação enviada na semana passada pelos promotores da área de habitação, Marcus Vinicius Monteiro e Roberto Pimentel, é solicitado que o Executivo municipal suspenda os despejos “enquanto perdurarem as regras de isolamento social determinadas pelos órgãos públicos de saúde”.

Os promotores afirmam que despejar essas pessoas dos locais ocupados pode aumentar a vulnerabilidade dessas famílias, além de contribuir para a disseminação da Covid-19 na cidade.

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“Medidas administrativas ou judiciais que, nesse momento, implicam em colocar nas ruas da cidade milhares de pessoas vulneráveis contrariam todas as determinações sensatas emanadas pelas agências de saúde. As ruas constituem um ambiente precário. Nelas, as pessoas não têm condições de protegerem a si mesmos nem a comunidade”, enfatiza a recomendação.

Sem moradia

Em uma carta aberta, diversas entidades criticam a remoção das pessoas da região da Cracolândia sem uma alternativa de moradia e uma possibilidade de renda para os comerciantes que têm estabelecimentos na área. O documento lembra de que os moradores e comerciantes do quarteirão vizinho já passaram por um processo semelhante.

“Desde maio de 2017, quando o então prefeito João Doria mandou derrubar os imóveis (inclusive com gente dentro) que esses dois quarteirões estão ameaçados de ser demolidos e de seus moradores e comerciantes perderem suas casas e fonte de renda. Foi exatamente o que aconteceu com o quarteirão vizinho, a “quadra 36”, no ano de 2018”, diz o texto que faz referência a um incidente ocorrido em maio de 2017. Na ocasião, um imóvel foi demolido com moradores ainda dentro, deixando três pessoas feridas.

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A carta está assinada pelo Movimento Sem-Teto do Centro, pelo Observatório de Remoções, pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil – São Paulo, entre outras entidades.

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