Compras de Natal aquecem o mercado de empregos temporários
Dezembro chega a ser responsável por metade das vendas de muitas lojas
Um mês trabalhando oito horas por dia, de domingo a domingo, sem folga, em pleno turbilhão das compras de Natal. É nesse ritmo que a estudante de psicologia Marília Pupo estréia em seu primeiro emprego. “Vai ser cansativo, mas termina no dia 31 de dezembro”, diz a paulistana, contratada pela loja Costume do Shopping Iguatemi para ganhar 3% sobre cada peça de roupa vendida no período. “Ao menos aproveito as férias da faculdade para ganhar um dinheirinho.” Marília preencheu uma das trinta vagas provisórias nas oito lojas da empresa e faz parte de um grupo de cerca de 15 000 trabalhadores temporários da cidade neste fim de ano – um número 8% maior que o de 2007. “A ameaça de uma crise financeira não elimina as boas oportunidades profissionais do Natal”, afirma Vander Morales, diretor de comunicação da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário. Segundo Morales, três em cada dez contratados são novatos e a faixa etária predominante é inferior a 25 anos, idade de Marília.
“O movimento de dezembro representa 50% do comércio do ano todo”, conta Sandra Tazo, gerente nacional da Guess. “Na loja da Oscar Freire, tivemos de aumentar o staff de cinco para nove pessoas.” As contratações começaram em outubro e terminam no fim deste mês. Entre as aquisições recentes está Alana Faria, que trancou a matrícula da faculdade de psicologia para investir em dois meses de pauleira, ainda que com futuro incerto. “Acredito que minhas boas vendas vão garantir o registro definitivo em janeiro”, diz. Foi o que ocorreu com Antônio do Nascimento, da Yachtsman do Shopping Pátio Higienópolis, contratado como temporário em dezembro de 2007 e que ganhou carteira assinada logo em seguida. “Com a experiência que acumulo há um ano na loja, pretendo ganhar mais de 3?000 reais agora”, afirma. Ele e seus quatro colegas efetivos disputarão clientes com três novatos.
Para valorizarem os funcionários, algumas grifes não contratam vendedores extras, mas assistentes. “Eles ajudam dobrando as roupas e buscando peças no estoque”, diz Patricia Gaia, diretora do Grupo Armani. “Ganham salário fixo, enquanto quem já tem clientes fidelizados lucra com as melhores comissões do ano.” Funções de apoio formam a maioria das trinta vagas que as marcas Arezzo e Schutz precisam preencher até o dia 24. As lojas da Zapälla dos shoppings Cidade Jardim e Morumbi vão contratar caixas, já que todos os vendedores preferem fazer jornadas duplas em troca de abonos mais gordos. Para as três vagas disponíveis na rede King, voltada ao público roqueiro, a exigência é outra. “Queremos atendentes estilosos, que tenham a cara da marca”, afirma a sócia-proprietária Regina Endres. “Quando encontramos o perfil ideal, a chance de efetivação é de 80%.” Ex-cliente e fã de rock, a recém-contratada Gabriela Faria Pais preenche esses requisitos. “Espero permanecer no fim dos dois meses previstos”, diz a roteirista, que não se importa de trabalhar nos dias 24 e 31 de dezembro. Para chegar lá, no entanto, Gabriela tem um desafio: bater as metas propostas pela chefia, que neste ano estão 15% acima das de dezembro de 2007.