Chef de comida indiana chega à Feira da Liberdade após concurso
Marcelo Martins derrotou outros 2.000 candidatos por um espaço para a sua banca
Há um mês, o paulistano Marcelo Martins, de 39 anos, vive como um estranho no ninho. Em meio a barracas que comercializam yakisobas, sushis, tempurás e guiozas, ele vende legumes ao curry e pastel samosa. Tudo apimentado. Com um lenço vermelho cobrindo o cabelo raspado, dólmã branco e avental preto, Martins ocupa, aos sábados e domigos, um dos quinze estandes de alimentação da Feira de Arte, Artesanato e Cultura da Liberdade. Se vê alguém espiando um de seus pratos, curioso, logo pergunta: “Você já provou comida indiana?”. A resposta é quase sempre negativa.
Depois de morar na Inglaterra por duas décadas, Martins voltou para o Brasil no ano passado. Fala português (com um leve sotaque britânico), inglês, italiano e francês, além de estudar árabe. Formado em sociologia pela Universidade Westminster, ele trabalhou durante cinco anos em uma empresa de pesquisa de marketing. Mas queria mesmo era lidar com comida. Ainda na temporada europeia, passou pela cozinha de alguns restaurantes.
Quando soube da abertura de inscrições para novos interessados em trabalhar na Feira da Liberdade, havia cinco anos que nenhuma nova barraca surgia ali. Ao levar seus documentos à prefeitura, espantou-se com o número de interessados em trabalhar nas feiras da região central: mais de 2.000 pessoas. Para ser aprovado, teve de derrotar dezoito concorrentes em um teste final, quando cozinhou no Mercado Municipal da Lapa para um júri composto de representantes da prefeitura e do Sindicato de Nutricionistas do Estado de São Paulo. “Sempre gostei de comida asiática”, conta. “Para mim, o brasileiro quando cozinha só ‘alha’ e ‘cebola’ a comida.”