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Com nova cobrança, Correios devem arrecadar 4,5 milhões de reais por dia

Empresa passou a cobrar despacho de 15 reais por encomenda internacional; estatal viveu prejuízos bilionários e foi alvo de investigações por corrupção

Por Adriana Farias
30 ago 2018, 18h47
Fachada de Correios nas cores amarelo e azul
Funcionários dos Correios de São Paulo aderem a greve no início de 2017 (Divulgação/Divulgação)
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Desde segunda-feira (27), todas as encomendas internacionais que chegam ao Brasil pelos Correios estão sujeitas à cobrança do despacho postal de 15 reais.

Nos últimos anos, o serviço era cobrado apenas para os objetos tributados pela Receita Federal. Porém, com o aumento de 80% das importações de 2016 para 2017, a empresa diz que precisou injetar mais recursos na operação para manter o padrão do serviço. Chegam todos os dias de 100 000 a 300 000 encomendas vindas do exterior, o que significa que a empresa pode arrecadar até 90 milhões de reais por mês com a nova medida.

“O despacho postal não deve ser confundido com tributo ou frete”, diz a empresa, em nota. “O serviço se refere às atividades de suporte ao tratamento aduaneiro realizadas pelo operador postal”.

Entram nesse cômputo o recebimento dos objetos e inspeção por raio-X, formalização da importação no sistema da Receita Federal, tratamento de eventuais inconformidades, como objetos proibidos, perigosos ou com exigências específicas impostas pela autoridade aduaneira para admissão, recolhimento e repasse dos impostos à Receita Federal quando houver tributação e, por fim, disponibilização de informações ao importador para desembaraço da remessa via internet, entre outras.

Segundo os Correios, a cobrança de 15 reais é quatro vezes menor que a média praticada por outros operadores logísticos para realizar procedimentos similares.

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Os destinatários que estiverem aguardando encomendas do exterior devem acessar o rastreamento de objetos neste link e realizar o pagamento do despacho postal por meio de boleto ou cartão de crédito.

O prazo de entrega do objeto, conforme o serviço contratado na origem, passa a contar a partir da data de confirmação do pagamento. Mais informações e orientações sobre os procedimentos para pagamento e liberação das encomendas estão disponíveis neste link.

PREJUÍZOS

Os Correios perderam nos últimos cinco anos 20 000 trabalhadores. Em 2013, eram 125 000 funcionários e hoje está na ordem de 106 000, um corte de 15,5%. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), o ideal é que a instituição tivesse 140 000 profissionais para atender bem a população.

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Em 2017, a empresa registrou lucro de 667 milhões de reais, após quatro anos ininterruptos de prejuízo. Em 2015, o resultado negativo foi de 2,1 bilhões de reais e, em 2016, de 1,5 bilhão de reais.

Para lidar com a situação, a empresa abriu em 2017 um programa de demissões incentivadas, com adesão de mais de 6 000 empregados. Também alterou as normas de financiamento do plano de saúde dos funcionários, com cobrança de mensalidades, o que provocou uma greve no setor em março deste ano que atingiu vinte estados e o Distrito Federal. No fim, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) autorizou que os Correios adotassem a medida.

ESCÂNDALOS

Em 2005, os Correios foram o estopim do que ficou conhecido como escândalo do mensalão. O ex-diretor do Departamento de Contratação e Administração de Material, Maurício Maurinho, foi filmado solicitando propina para favorecer empresas em licitações.

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Em 2016, dez anos depois, outro escândalo. Foi descoberto um esquema de fraude no fundo de pensão dos Correios, o Postalis. Dois fundos de investimentos continham mais de 370 milhões de reais em recursos geridos de forma fraudulenta.

Ainda em 2016, a Polícia Federal deflagrou a Operação Mala Direta para apurar outro caso de fraude nos Correios envolvendo uma quantia de cerca de 650 milhões de reais. Tratava-se de um esquema de envio de mercadorias que funcionava de forma clandestina, utilizando a estrutura dos Correios e desviando os valores para outras empresas que prestavam serviço semelhante.

No início deste ano, mais uma mancha na imagem dos Correios. A Polícia Federal deflagrou a Operação Pausare para investigar fraudes em três investimentos feitos no Postalis, que totalizaram 523,2 milhões de reais. Foram cumpridos ao menos cem mandados de busca apreensão em corretoras e casas de ex-executivos da Postalis e empresários, além de quebra de sigilos bancário e fiscal de 48 pessoas e cinquenta empresas.

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