Clubes paulistanos receberão equipes estrangeiras para a Olimpíada
Quatro delegações de fora escolheram São Paulo para treinar antes das provas do Rio, que começam em 5 de agosto
Desde que soube que boa parte da delegação olímpica chinesa usará como base o Esporte Clube Pinheiros, o esgrimista Renzo Agresta (bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015), que treina por lá, se entusiasmou com a possibilidade de troca de conhecimentos. Ele se impressiona com a rotina de treinos com repetições exaustivas dos atletas da China e quer entendê-los melhor.
Por outro lado, está disposto a ajudar os visitantes a relaxar: pretende convidá-los para um roteiro de churrascarias e levá-los até locais da sede para onde vai quando quer esfriar a cabeça, como o viveiro das araras. “Será uma oportunidade de ouro conviver com a segunda maior potência esportiva do mundo”, diz.
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Perto de agosto, quando acontecem os Jogos Olímpicos do Rio, esse tipo de intercâmbio será comum em São Paulo. Ao menos outros três clubes da capital jáassinaram acordos para abrigar mais de 500 membros de três equipes olímpicas e paralímpicas — a Hebraica, o Esperia e o Paineiras do Morumby (veja os detalhesna pág. ao lado).
Nos próximos meses, outras agremiações paulistanas de vem anunciar parcerias do gênero. “A cidade é bem cotada porque tem mais espaçoscom infraestrutura esportiva que a própria sede da Olimpíada”, avalia o presidente do Sindicato dos Clubes de São Paulo, Cezar Granieri. Até agora, o Rio confirmou apenas a vinda de uma confederação, a dos Estados Unidos, no Flamengo. A maioria das delegações tradicionais, como Alemanha e Itália, porém, ainda não anunciou seu destino.
No Pinheiros, aportam em 22 de julho os 350 competidores e técnicos, de quinze modalidades — esgrima, atletismo, badminton, boxe, futebol, ginásticaartística, nado sincronizado, natação, pentatlo moderno, polo aquático, rúgbi, tae kwon do, tênis, tênis de mesa e vôlei. A ideia é que cheguem aquecidos aos torneios, acostumem-se ao clima, ao fuso horário e aos hábitos brasileiros. “Teremos estrelas que só vemos pela televisão”, diz o presidente do Pinheiros, Roberto Cappellano. Um dos maiores atrativos é financeiro.
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Estima-se que o país oriental pague 14 milhões de reais para treinar ali. Boa parte dos recursos será usada em melhorias, que depois beneficiarão os 38 000 sócios. Entre elas está a construção de um espaço de boxe, que posteriormente oferecerá aulas regulares. O salão de festas ganhará nova iluminação e sistema de refrigeração para abrigar os treinos de tênis de mesa e badminton. Perto dali, o clube Hebraica também iniciará obras em breve, a fim de se preparar para a chegada de oitenta pessoas das delegações de Israel e do Japão. “Vamos trocar as raias da piscina e melhorar a entrada do parque aquático”, relata o gerente-geral de esportes, Carlos Inglez.
Em Santana, o Esperia começou as adaptações em 2014 (sim, com dois anos de antecedência) para recepcionar a equipe paralímpica da Grã-Bretanha. Houve reformulação dos vestiários, corredores e pisos. “Passamos a sediar competições e cativamos os associados com necessidades especiais”, conta o gerente Ari Mello. Mesmo o Paineiras, que não precisou mexer em estrutura física, está às voltas com um planejamento para receber o nado sincronizado do Japão. “Vamos, por exemplo, incluir iguarias da terra dos atletas no cardápio para que não sofram com mudanças naalimentação”, conta o gerente de esportes,Reginaldo Teixeira Rosa.
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Os hotéis da cidade também estão em clima olímpico. O Radisson Faria Lima tem 150 suítes triplas (70% da lotação) reservadas aos chineses — como o prédio fica a três quarteirões do Pinheiros, será possível ir a pé aos treinos. No Novotel Morumbi, haverá oito apartamentos (sete duplos e um single) dedicados aos japoneses do nado sincronizado. Para a estadia, pediram Yakult e gohan (arroz japonês) no frigobar.
Na agenda de competições oficiais, São Paulo integra os Jogos com dez partidas de futebol marcadas para a Arena Corinthians. O São Paulo Convention & Visitors Bureau, entidade de estímulo ao turismo, espera, porém, que o interesse em visitar a capital paulista vá além dos gramados e consiga atrair parte dos 400 000 viajantes que devem ir ao Rio para a Olimpíada. Não será nada perto dos 500 000 turistas que encheram as ruas paulistanas na Copa do Mundo, mas serão, certamente, dólares, euros e iuanes mais que bem-vindos.
+ As principais notícias da cidade
Os gringos vêm aí
Quem as instituições receberão e o que estão planejando
PINHEIROS
› Visitantes: 350 chineses (atletas e equipe técnica) de quinze esportes, como atletismo, futebol e tênis
› Preparação: construção de um espaço para boxe, reforma do salão de festa, criação de campo de rúgbi, novos equipamentos de som na piscina para o nado sincronizado
HEBRAICA
› Visitantes: integrantes das equipes de judô, atletismo e natação de Israel (25 pessoas), e de natação do Japão (55)
› Preparação: troca de raias nas piscinas, repintura de parte do prédio, novos aparelhos de musculação, reforma na entrada do parque aquático, entre outros reparos
ESPERIA
› Visitantes: Cinquenta atletas da equipe de basquete paralímpica da Grã-Bretanha
› Preparação: adaptação dos vestiários para que se tornem acessíveis, reparos em corredores, piso da área social, piso da quadra e troca das tabelas de basquete
PAINEIRAS DO MORUMBY
› Visitantes: 22 membros da delegação de nado sincronizado do Japão
› Preparação: o prédio não passará por reformas, mas o clube está trabalhando no planejamento do cardápio do restaurante, que terá pratos indicados pela equipe técnica, como gohan (arroz) e queijo tofu