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Casal gay em pé de guerra com o Clube Paulistano

Sócio que queria incluir como dependente seu companheiro teve pedido recusado

Por Isabella Villalba
Atualizado em 5 dez 2016, 18h37 - Publicado em 4 set 2010, 02h23

O burburinho tomou conta das piscinas, do bar e dos restaurantes do elegante, fechado e quatrocentão Clube Athletico Paulistano, no Jardim América. Há dez meses, um pedido incomum pairava sobre a mesa da diretoria. O médico infectologista Ricardo Tapajós, de 45 anos, queria incluir como seu dependente o cirurgião plástico Mário Jorge Warde, 39, com quem vive desde 2004. “Ele frequenta o Paulistano como visitante, mas gostaria de tê-lo ao meu lado na qualidade de companheiro, como eu poderia fazer caso fosse casado com uma mulher”, afirma Tapajós. No último dia 26, o Conselho Deliberativo do Paulistano recusou a solicitação. Os diretores entenderam que tanto o estatuto da agremiação quanto o Novo Código Civil Brasileiro só reconhecem a união estável entre homem e mulher. “As exigências são iguais para todos e não queríamos abrir exceção”, diz o diretor de comunicação, Celso Vergeiro. “O clube tem 110 anos de história e nunca viveu casos de preconceito.”

Tapajós frequenta o Paulistano desde pequeno. Todos os domingos, ele almoça lá com seus pais, suas irmãs e os maridos delas, além dos sobrinhos e dos filhos. Warde paga uma taxa diária de 62 reais para participar da reunião. Não pode entrar na área da piscina nem no cinema, por exemplo. Os diretores sugeriram que Warde comprasse um título — o que sairia por 5 000 reais mais 180 000 reais de transferência. Entrar no Paulistano não é para qualquer um. O aspirante deve ser indicado por dois membros com mais de dez anos de casa e ter referências favoráveis de outros cinco. Depois, precisa passar pelo crivo da diretoria. Com a bênção do presidente da entidade, Antonio Carlos Vasconcellos Salem, o jogador Ronaldo Fenômeno, do Corinthians, pleiteia a compra de um título.

O que deixou Tapajós mais inconformado é o fato de, há quinze anos, quando vivia com uma mulher, mãe de seus dois filhos, ele ter pedido para que ela fosse incluída como sua dependente e a solicitação ter sido aceita em uma semana. A advogada do casal, Isabella Pereira, acompanhou a reunião do conselho que apreciou o assunto. “Há uma omissão no estatuto”, afirma ela. “Não se tratava de decidir se determinada pessoa poderia ou não se associar, mas o que fazer em casos assim.” Tapajós e Warde garantem que, mesmo com a recusa, continuarão a frequentar o Paulistano juntos. “Queremos que essa decisão seja reconsiderada”, diz Warde. Os burburinhos não vão parar tão cedo.

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