Ceagesp promete iniciar a reforma de seu maior pavilhão em dezembro
A única melhoria, a impermeabilização da laje para evitar infiltrações, foi feita entre 2005 e 2007
É de esperar que um prédio com mais de quarenta anos, por onde passam 50 000 pessoas diariamente, fique caindo aos pedaços caso não receba manutenção periódica. O principal pavilhão da maior central de abastecimento da América Latina, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), localizada na Vila Leopoldina, ilustra essa lógica com perfeição. Erguido em meados dos anos 70, o galpão de 20 000 metros quadrados, no qual flores, frutas, legumes e verduras são comercializados, encontra-se em petição de miséria.
As estruturas de metal das pilastras e do teto estão enferrujadas e nacos de cimento ameaçam se soltar aqui e ali. Exposta, a fiação da rede elétrica representa um risco constante para todos os que perambulam pelo local. A construção jamais foi reformada. Sua única melhoria, a impermeabilização da laje para evitar infiltrações, foi feita entre 2005 e 2007.
No começo de outubro, a pedido do Ministério Público Estadual, a Subprefeitura da Lapa vistoriou o prédio e ordenou sua restauração ou interdição imediata. Temia-se que a marquise viesse abaixo. “De acordo com o parecer técnico realizado pelos nossos engenheiros e já enviado à subprefeitura, o risco de desabamento não existe”, afirma o presidente da Ceagesp, Mário Maurici. De qualquer forma, as obras deverão começar no início de dezembro. “Para saber exatamente o que é preciso ser feito, tenho de aguardar o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) concluir um novo laudo.” A elaboração do documento leva cerca de quarenta dias e estava prevista para começar na última sexta.
Dinheiro para a reforma não deve faltar. Há duas semanas, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ao qual a Ceagesp é subordinada, liberou para a central de abastecimento 11,3 milhões de reais. Trata-se do primeiro repasse federal destinado à instituição desde 1998, quando ela foi incluída no programa brasileiro de desestatização. O dinheiro tem de ser gasto com melhorias.
Só a repaginação do galpão degradado custará quase 7 milhões de reais. O restante do valor recebido será usado para a modernização do setor de armazenagem. As obras deverão durar de quatro a oito meses e serão realizadas em etapas, para não interromper a comercialização de alimentos — cerca de 6 000 vendedores e carregadores dão expediente diário no local. “Ainda estamos decidindo se vamos diminuir o espaço entre algumas barracas ou transferir parte delas para outros pontos”, conta o representante dos comerciantes, Eduardo Haiek. “Mas queremos consultar todos.”
O projeto de transformação do pavilhão principal não é o único que poderá sair do papel nos próximos meses. No rol dos mais urgentes estão a readequação da rede elétrica do terreno, de 700 000 metros quadrados — no qual caberiam nove estádios do Pacaembu —, e a recuperação do setor de frutas, que costuma inundar durante as chuvas de verão. O aprimoramento do asfalto entre os galpões, orçado em 1,2 milhão de reais, encontra-se em estado adiantado. Os recursos para essas obras virão de um fundo formado com parte do rateio mensal pago pelos comerciantes.
UM DIA NO MERCADO
10 000 veículos, entre carros e caminhões, cruzam seus portões
50 000 vendedores, carregadores e compradores passam pelo local
10 000 toneladas de frutas, verduras, pescados ou legumes são comercializadas
12,5 milhões de reais é o valor movimentado ali