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Cásper Líbero demite professor após comentários racistas em aula

Caso aconteceu no dia 22 de março e foi divulgado na semana passada

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 28 abr 2018, 17h18 - Publicado em 28 abr 2018, 17h17
Faixada Gazeta Reserva Cultural Avenida Paulista
Vista da fachada do EdifÌcio Gazeta, na Avenida Paulista, em S„o Paulo. (VEJA/Reprodução/Veja SP)
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A Faculdade Cásper Líbero demitiu nesta semana um professor que, segundo relatos de estudantes da instituição, fez comentários racistas durante uma aula do curso de Publicidade e Propaganda. De acordo com os alunos, uma estudante negra se sentiu ofendida com as palavras ditas pelo docente e foi conversar com ele. O professor teria debochado da reclamação e afirmado que “não existe racismo no Brasil”, além de ter tentado tocar no cabelo dela. 

“Após analisar os apontamentos relatados pelo corpo discente (estudantes) e ouvir as partes envolvidas, a Faculdade Cásper Líbero optou pelo desligamento do docente por uso de expressões e atitudes inadequadas”, informou, em nota, a instituição. “A faculdade reforça que repudia qualquer atitude de conotação discriminatória e preconceituosa, seja no espaço público ou privado.”

O caso aconteceu no dia 22 de março e foi divulgado na semana passada pelo Coletivo AfriCásper, formado por estudantes negros. Em sua página no Facebook, o grupo reiterou que repudia qualquer tipo de racismo e injúria racial dentro ou fora da faculdade e ofereceu apoio a alunos que sejam vítimas de discriminação.

Segundo publicou o AfriCásper, o docente afirmou aos alunos que, quando foi à Croácia fazer uma especialização, as pessoas acharam que ele fosse mulato por ser brasileiro e ficaram desapontadas ao saber que era, nas palavras atribuídas a ele, “normal”.

Ainda de acordo com o relato da aluna ao coletivo, o professor olhou um álbum de figurinhas da Copa do Mundo e se surpreendeu ao descobrir que a seleção nigeriana tem um jogador branco – o zagueiro Leon Balogun, filho de mãe alemã e pai nigeriano. “Eu achei que só tivesse preto na Nigéria”, afirmou, segundo o AfriCásper. Em seguida, o docente questionou o cabelo de um atleta negro. “Como que ele penteia esse cabelo? Isso aí deve ser um ninho.”

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Após a aula, a estudante e três colegas foram conversar com o professor para explicar que os comentários dele foram ofensivos. Segundo o coletivo, ele disse que não se lembrava do que havia falado. Os alunos, então, relembraram o ocorrido, mas o docente alegou que sua fala foi interpretada de maneira equivocada.

“Além das frases já ditas que relativizam o preconceito e racismo demonstrado por ele, a conversa, ainda por cima, seguiu em tom de deboche por parte do educador”, escreveu o AfriCásper.

Ainda segundo o coletivo, o professor afirmou aos alunos que não há racismo no Brasil em 2018, “com o pretexto de que ‘a Faculdade Cásper Líbero tem muitos alunos negros e conta com alguns professores negros também'”.

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Depois que os estudantes saíram da sala, o professor foi conversar com a aluna negra. Ela disse que ele deveria dar o exemplo e tomar cuidado com o que fala. De acordo com o AfriCásper, o docente afirmou que gostaria de fazer algo que sempre desejou: “Tocar no cabelo de um negro”. O professor tentou encostar no cabelo da estudante, mas ela se esquivou.

O professor envolvido no caso não foi localizado para se manifestar sobre a demissão.

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