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Cambuci: plantio de mudas da fruta que nomeia o bairro

Atitude ajuda a preservar a árvore-símbolo do bairro da Zona Sul

Por Sara Duarte
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h27

No século XVII, o distrito hoje conhecido como Cambuci era ponto de parada de tropeiros que subiam a Serra do Mar rumo ao interior do estado. Conta a lenda que na Rua Lavapés havia um córrego onde viajantes se banhavam e davam água às mulas enquanto saboreavam frutas parecidas com a goiaba. Eram as mesmas que acabaram dando nome àquele pedaço da Zona Sul da cidade, transformado oficialmente em bairro em 1906. “Pouca gente sabe, mas cambuci é uma árvore”, conta o historiador Atílio Luchinni, autor do livro Cambuci Ontem e Hoje – Cem Anos de História. “Ela produz um fruto ácido que era abundante aqui na região até o início do século XX.”

Um dos poucos exemplares remanescentes ocupa o largo central do bairro. “Os moradores derrubavam as árvores porque as folhas sujavam as calçadas”, lembra o comerciante Francisco Garcia, sócio do vizinho restaurante Javali. A região, felizmente, deve ganhar mais verde. A Incubadora de Projetos Sociais Autofinanciados, mantida pela Secretaria Municipal de Participação e Parceria, acaba de lançar um projeto de resgate histórico-ambiental do Cambuci. Plantou cerca de dez mudas da árvore e planeja atividades como cursos de bonsai e workshops sobre as receitas que podem ser feitas com o seu fruto. Em agosto, a entidade deve ganhar uma sala de cinema com cinquenta lugares. Além de exibir filmes, a ideia é que o espaço sirva para preparar jovens que desejem produzir fotos e vídeos sobre a história da região.

Para o ano que vem, a intenção é incluir o bairro, habitado por 29 500 pessoas, em um roteiro gastronômico intermunicipal chamado Rota do Cambuci. Criado há três anos, o evento ocorre de abril a junho em municípios como Santo André, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Paraibuna e Caraguatatuba. “Os comerciantes de cada cidade servem produtos preparados com o fruto, como compotas, aguardentes, musses e trufas”, explica Flavio Lemos, idealizador do circuito. Desde o dia 1º, a secretaria organiza uma série de cursos de culinária, previstos para terminar neste domingo (7). O objetivo é convencer donos de restaurantes paulistanos a incluir o ingrediente em seu cardápio. Garcia, do Javali, já topou. Osvaldo Adolpho Filho, da Cantina 1020, também. “Vamos vender sorvete, pinga e uma massa com molho à base de cambuci”, promete.

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