Café com charme: São Paulo ganha cinco novas cafeterias
Endereços combinam grãos especiais e ambiente charmoso para atrair clientes
Há cinco anos, dava para contar nos dedos o número de cafeterias de qualidade na cidade. Um expresso no capricho podia ser provado em padarias, bares, restaurantes, algumas redes de café ou mesmo em casa. Nos últimos tempos, porém, a São Paulo que consome 16 milhões de xícaras por dia ganhou endereços que combinam grãos especiais e ambiente charmoso. Lugares com decoração transada, ideais para encontrar um amigo, ler uma revista, acessar a internet ou simplesmente ver e ser visto. Ah, sim, com uma infusão fumegante ao lado.
Só no último mês, pelo menos cinco cafeterias do gênero foram inauguradas por aqui. Elas somam-se às boas casas já existentes, como Suplicy Cafés Especiais, Cafeera, Santo Grão e Il Barista. “Quando abrimos o Cafeera do Itaim, em 2003, existiam dois cafés em um raio de oito quarteirões”, conta Alexandre Adoglio, que há quatro meses vendeu o negócio e passou a atuar como consultor na área. “Atualmente são sete.”
No último dia 12, a Rua Padre João Manuel, nos Jardins, ganhou uma elegante vitrine de vidro rodeada por paredes bege-claro. Ali, baristas de terno manuseiam caixinhas coloridas e brilhantes. Trata-se da primeira filial na América Latina da Boutique Bar Nespresso, marca criada em 1986 na Suíça e presente em quarenta países. Vendidos por 4,50 reais (você leu certo), os cafés da Nespresso estão para o mundo das xicrinhas mais ou menos como uma Diesel para o universo das calças jeans. É café de luxo, produzido a partir dos melhores grãos. “Pagamos o preço mais alto ao cafeicultor porque queremos o melhor do melhor”, diz Martin Pereyra, gerente da marca no Brasil.
As curiosas cápsulas coloridas de alumínio fechadas a vácuo, nas quais o café está acondicionado, servem para manter o aroma – cada uma delas rende apenas uma dose e as cores indicam diferentes blends, misturas feitas a partir de vários grãos e técnicas de torra.
Outra característica da rede é tirar o expresso em máquinas próprias. Por preços que variam entre 850 reais (manual) e 10 000 reais (automática, com capacidade para até vinte cápsulas e gaveta para esquentar xícaras), elas podem ser levadas para casa.
Na vizinha Oscar Freire, foi inaugurado no mesmo dia 12 o descolado Oscar Café, que abastece suas xícaras com grãos Daterra Bourbon, colhidos no cerrado mineiro. Diferentemente da Nespresso, que tem um enxuto cardápio de comidinhas e foco principal na bebida, o Oscar combina bons expressos a lanchinhos e pratos rápidos. Croissants, pães e bolinhos levam a grife do padeiro Olivier Anquier. A localização é um achado: uma loja de 2,5 metros de frente por 35 de profundidade (parece um corredorzão) entre as ruas Haddock Lobo e Augusta. O público da região rapidamente aprovou a novidade e respondeu com filas de mais de meia hora no período anterior ao Natal.
Cena parecida se vê nas duas filiais brasileiras da rede americana Starbucks, abertas nos dias 1º e 4 no MorumbiShopping. Mesmo em janeiro, com a cidade bem mais vazia do que o normal, é preciso esperar pelo menos dez minutos para saborear um café (vendido a 2,80 reais) ou um de seus muffins (6 reais cada um). Para dar conta de tanta demanda, atendentes tiram pedidos na própria fila. Em dias de maior movimento, amostras grátis de cafés e salgados são servidas aos clientes que esperam.
Vencedor em 2006 na categoria café expresso do prêmio Comer & Beber O Melhor da Cidade, de Veja São Paulo, o Suplicy Cafés Especiais, aberto em 2003, acaba de instalar sua quarta loja, no Shopping Market Place. “Depois que a pessoa aprende a consumir bons cafés, não quer mais voltar para o balcão da padaria”, acredita Fernando Siciliano, gerente do Suplicy. Atualmente, ele recebe em média 1200 pessoas por dia somente na loja da Alameda Lorena, contra 700 de três anos atrás.
Com carta criada pela barista Isabela Raposeiras, o Nicecup, na Chácara Klabin, atende o público desde novembro. É uma boa opção fora do circuito Jardins–Morumbi. Tem mais. Gelma Franco, proprietária do Il Barista, promete abrir no fim deste mês, na Alameda Lorena, sua quarta filial. “Quando inaugurei a primeira loja, em 2003, na Chácara Santo Antônio, fui chamada de louca”, lembra. “Ninguém acreditava que havia mercado para cafés especiais no Brasil. Hoje em dia sou considerada visionária.”