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Cada morador de rua custa R$ 350 por mês para a prefeitura

Segundo estimativa da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, existem 13 000 sem-teto em São Paulo

Por Edison Veiga
Atualizado em 5 dez 2016, 19h25 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

De 2005 para cá, o número de sem-teto que perambulam pelas ruas da cidade cresceu 30%. De acordo com estimativa da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, eles são 13 000. Gente como o catarinense José Carlos Inocêncio, que, quando deixou sua terra natal para estabelecer-se em São Paulo, ficou mais de um ano sem endereço. “Preferia dormir em bairros finos, como Higienópolis, onde a violência é menor”, conta. Há dois meses, ele ocupa uma das 150 vagas do albergue Samaritanos, administrado pela Associação Reciclázaro, no Pari. Assim como ele, cerca de 8 000 pessoas passam as noites em um dos 36 albergues da cidade, entidades que sobrevivem com verbas repassadas pela prefeitura. O aparato assistencial paulistano ainda conta com moradias provisórias (onde o hóspede contribui financeiramente), núcleos de serviços (que oferecem palestras, cursos de capacitação e oficinas) e 354 agentes de proteção social, entre outros. “Por mês, destinamos 4,5 milhões de reais para os cuidados com esses cidadãos”, afirma o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro. Ou seja: são 350 reais para cada sem-teto. Quase um salário mínimo (380 reais).

Os repasses às entidades variam caso a caso. São definidos de acordo com os serviços oferecidos e, como quase tudo na esfera pública, mediante licitação. Em média, cada vaga de albergue custa 250 reais por mês aos cofres municipais. Mas há instituições que ganham muito mais (veja quadro). No topo do ranking está o Lar Transitório Batuíra, na Bela Vista. Mantenedor do espaço, o Grupo Espírita Batuíra recebe da prefeitura 13 340 reais por mês para disponibilizar as dez vagas da casa, que nem parece um albergue, diga-se. No portão, há um interfone e uma câmera de segurança. O visual, limpo, lembra uma clínica médica particular, com paredes e pisos brancos. Na recepção, há um computador com monitor de tela plana, cadeiras estofadas e um funcionário solícito. “Nosso trabalho é diferenciado”, comenta a assistente social Rosa Zulli de Araujo, coordenadora do abrigo. “Recebemos os moradores de rua convalescentes, que foram hospitalizados, passaram por cirurgia e não têm nenhum familiar para cuidar de sua recuperação.” Para dar conta de uma estrutura dessas, a entidade dispõe de onze funcionários e um esquadrão de 36 voluntários, como médicos, psicólogos e fisioterapeutas. “Aqui é maravilhoso: temos médico todo dia e boa comida”, diz Vicente Martins da Silva, que, após ter um pé amputado, vive ali há três semanas.

Com orçamentos acima da média também estão os três albergues classificados pela prefeitura como “abrigo especial para mulheres”. São lugares que acolhem mulheres de rua, muitas com filhos a tiracolo. “Aqui elas passam o dia inteiro. Não só pernoitam, como em albergues comuns”, explica a pedagoga Edwiges Romani Chaves, coordenadora da Casa de Marta e Maria. “Na maioria dos casos, as pessoas que chegam ao nosso abrigo são vítimas de violência e estão debilitadas.” A alimentação é reforçada, sobretudo por causa das crianças – são seis refeições por dia. Mensalmente, a prefeitura repassa 40 449 reais para que o albergue, de setenta vagas, seja mantido. Com orçamento proporcionalmente parecido (115 185 reais para 250 vagas), o Vivenda da Cidadania, no Pari, é o único albergue nos moldes tradicionais que figura entre os cinco mais caros da cidade. A justificativa está na ponta da língua da coordenadora, a assistente social Márcia Martins Miranda: “Como temos enfermaria, mais da metade dos que nos são trazidos tem algum problema de saúde”. Para manter toda a estrutura, o Vivenda conta com 51 funcionários. O secretário Floriano Pesaro não acredita que haja abusos nos valores pagos às entidades. “O repasse se diferencia porque há peculiaridades em cada licitação”, diz ele. “Além de os serviços oferecidos variarem, há entidades que ocupam imóveis alugados, outras que estão em prédios próprios e até as que se instalaram em espaços públicos cedidos pela prefeitura.”

Os cinco albergues MAIS CAROS da capital*

*valores mensais, por vaga, pagos pela prefeitura

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Lar Transitório Batuíra

R$ 1 334,06

Abrigo Maria da Penha

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R$ 880,07

Casa da Mamãe

R$ 668,23

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Casa de Marta e Maria

R$ 577,85

Vivenda da Cidadania

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R$ 460,74

Fonte: Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social

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