Butantã registra retomada de crescimento no setor imobiliário
Região atrai moradores e empresas em busca de preços competitivos e melhora em transporte
Em tupi, Butantã significa terra dura e compactada. Para as construtoras, essas são características perfeitas para cravar as fundações de seus empreendimentos. Na história do bairro, porém, algumas restrições, como a de construir prédios altos em parte da área, e a resistência de possíveis moradores a encarar o trânsito além do Rio Pinheiros sempre foram pontos tidos como problemáticos para o mercado imobiliário. Por uma série de ventos favoráveis, o cenário da região começa a mudar.
Na comparação de todo o ano de 2011 com os primeiros nove meses de 2013, o bairro já registrou crescimento de 129% no volume de novas unidades residenciais (ou seja, casas e apartamentos que começam a ser vendidos, mesmo na planta). Para se ter uma ideia, neste ano ocorreram por ali 128 lançamentos, contra 120 de Pinheiros. O Butantã possui não apenas a maior taxa de evolução da Zona Oeste (veja o quadro ao lado) como se destaca também na média da cidade, que apresentou uma queda de 45% no volume de negócios no mesmo período.
Especialistas do mercado dizem que a tendência é de alta nessa fronteira em expansão. “O preço por lá ainda é muito interessante para os investidores”, afirma Celso Petrucci, economista-chefe do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP). O metro quadrado no bairro custa cerca de 5 300 reais, enquanto no Itaim Bibi, por exemplo, o valor chega a 9 400 reais.
A estação de metrô, inaugurada em março de 2011, aliviou a saga de quem precisa trabalhar nos polos corporativos centrais e tornou o local mais atraente a quem pensa em se mudar para lá. Em julho, quando deixou a casa da família, em Santana, na Zona Norte, o designer Ricardo Cerpa, de 29 anos, comprou seu primeiro apartamento a poucas quadras da Avenida Vital Brasil, no Butantã. “Além de boa estrutura, aqui tem um clima de vila”, avalia. No trajeto casa-trabalho, Cerpa leva hoje cerca de trinta minutos.
Para as empreiteiras, migrar para o Butantã também se mostrou vantajoso. Nas redondezas da Marginal Pinheiros é possível erguer espigões, pois as regras permitem empreendimentos mais volumosos por ali que nos bairros saturados. Na última semana, parte dos 2 800 funcionários do grupo Odebrecht começou a mudança para um novo prédio de dezoito andares na Rua Lemos Monteiro, às margens do rio.
O edifício foi construído especialmente para essa finalidade. “A melhoria na mobilidade ajudou a convencer nosso pessoal a vir para cá”, conta a diretora da divisão de propriedades da empresa, Carla Barretto. O endereço antigo da companhia era em Pinheiros.
Segundo a executiva, depois de desempacotar tudo, a empresa dará sequência aos projetos de investimento em torres residenciais e comerciais por ali. “O Butantã tem muito espaço para esse tipo de empreendimento”, aponta. A nova sede da Odebrecht terá um teatro com 200 lugares e um centro cultural que receberá cerca de15 000 alunos por ano de escolas públicas e privadas da região, ambas as obras com previsão de entrega para abril de 2014.
Para marcar a chegada, a companhia preparou o livro Butantã — Um Bairro em Movimento, que será lançado no próximo dia 27. Em suas páginas, imagens recentes se misturam a outras históricas, como a de banhistas à beira do rio. Se as transformações em um século foram grandes, muito mais parece estar por vir, mantido o ritmo atual de negócios nessa área.