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Com dançarinos de SP, seleção brasileira de breaking se prepara para Paris

Naiara Xavier, a Toquinha, e Luan San estão em busca de vagas definitivas para os Jogos Olímpicos no próximo ano

Por Luana Machado
Atualizado em 17 nov 2023, 17h10 - Publicado em 17 nov 2023, 06h00
Luan San, do Time Brasil, no Campeonato Brasileiro de Breaking  (Erick Novais/Divulgação)
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Uma mão apoiada, as duas pernas suspensas e um giro sem encostar o resto do corpo no chão. Além de uma expressão artística que costuma desafiar a gravidade, o breaking  será pela primeira vez uma modalidade olímpica, nos Jogos de Paris, em 2024 — e dois moradores de São Paulo, Luan San e Naiara Xavier, estão entre os brasileiros que disputam uma vaga na competição.

Apenas 32 praticantes se apresentarão para os juízes na capital francesa, para serem avaliados em seis critérios (na tabela abaixo). O Brasil, país com tradição na cena do breaking, deve garantir ao menos três vagas na disputa, sendo duas no masculino e uma no feminino — o que ainda depende das pontuações na Olympic Qualifier Series, torneio internacional de eliminatórias, no ano que vem.

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Critérios que serão utilizados nos Jogos Olímpicos. (Rafael Donati/Divulgação)

Luan e Naiara estão entre os seis brasileiros selecionados para a próxima competição do circuito mundial, a World Series de Hong Kong, marcada para 15 e 16 dezembro. Nascido em Bauru, Luan, 32, mora em Diadema e ocupa o segundo lugar no ranking do Campeonato Brasileiro do Conselho Nacional de Dança Desportiva (CNDD), responsável pela modalidade no país. Tem 21 anos de experiência na dança. “Comecei a dançar aos 11 anos com amigos do bairro. Não parei mais”, ele conta.

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“Os movimentos em pé são chamados top rock. São neles que o b-boy ou a b-girl expressam o próprio estilo. Já os movimentos de vai e vem com as mãos no chão são o footwork. Tem ainda os power moves, passos giratórios que exigem técnica, resistência e força”, diz. Naiara, ou Toquinha, 21, também conheceu o break na infância, no bairro de Perus, Zona Norte de São Paulo. “Comecei em um projeto social na escola. Passei a competir e surgiu a paixão pela cultura, pela cena breaking”, ela diz.

Em 2021, viajou a Maringá (PR) com pouco mais que o dinheiro da passagem para participar de um campeonato que daria duas vagas ao Time Brasil. “Foi quando ganhei um crachá com minha foto escrito ‘atleta’. Fiquei emocionada”, conta. Depois disso, surgiram convites para competições nacionais e internacionais. “Não seria impossível viajar o mundo para dançar breaking, mas o novo recorte esportivo abriu portas”, afirma.

Os b-boys e b-girls do Time Brasil ainda não têm centro de treinamento próprio. Praticam nos espaços dos próprios coletivos de dança. Com a entrada da modalidade nas Olimpíadas, porém, conquistaram patrocínio de empresas como Petrobras e Spotify, além dos acompanhamentos de psicóloga, fisioterapeuta e nutricionista. “Tudo isso é muito novo (os Jogos Olímpicos). O próprio CNDD não tinha responsável pelo breaking até a minha entrada (em 2021)”, conta José Bispo, gerente esportivo do breaking no Conselho e um dos fundadores do grupo (ou crew) Street Breakers, de São Paulo.

A World DanceSport Federation (WDSF), órgão internacional responsável pela modalidade, estabeleceu os critérios de julgamento do breaking nos Jogos Olímpicos. Também determinou que os atletas devem somar pontos em eventos nacionais e internacionais para irem a Paris. “Será um julgamento parecido com o da ginástica artística. Não é o sistema das competições tradicionais de breaking, normalmente mais subjetivo”, diz Ricardo “Ricka” Galhardo, parte da equipe de arbitragem das Olimpíadas e membro do Back Spin Crew, um dos grupos mais antigos de hip hop da cidade.

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Ele considera importante o envolvimento das crews na nova fase da modalidade. “A Back Spin Crew sempre atuou dentro das comunidades. É preciso manter a essência da cultura hip-hop”, conclui.

Publicado em VEJA São Paulo de 17 de novembro de 2023, edição nº 2868

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