“Havia muitos mortos nas ruas”, diz paulistano ao voltar do Nepal
Mauriene Junior chegou a São Paulo na tarde desta terça (28). Ele precisou acampar ao lado do aeroporto da capital Katmandu
No final da tarde desta terça-feira (28), o bancário Mauriene Junior, de 29 anos, finalmente conseguiu desembarcar no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Ele fazia uma viagem ao Nepal quando o país foi atingido por um forte terremoto no último sábado (25). “O que vi foi um cenário de destruição. Não tinha água, comida nem energia elétrica. Muitos mortos nas ruas. Era desespero por todo o lado”, conta.
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No sábado, Mauriene voltava de uma trilha de quinze dias na montanha de Annapurna. O paulistano havia chegado ao Nepal no dia 4 de abril. Na cidade de Pokhara, ele seguiu viagem para Katmandu, onde deveria pegar um voo para São Paulo, com escala em Doha.
Próximo da capital nepalense, seu ônibus teve que parar no meio da rodovia devido à grande quantidade de rochas no caminho. “Fui caminhando até o centro da cidade e, à medida que me aproximava, mais me dava conta do tamanho do estrago. Consegui uma carona para o aeroporto. Mesmo assim, acabei perdendo meu voo”, relata.
Com um grupo que conheceu no terminal aeroportuário, ele decidiu retornar à capital do país. Em Katmandu, ficou na recepção de um hotel, onde conseguiu sinal de internet para postar, pelo Facebook, uma mensagem avisando que estava bem. “Mesmo ficando na recepção do hotel, não consegui dormir, porque a terra tremia o tempo todo e era preciso correr para a rua quando isso acontecia”, lembra.
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Para comer, Mauriene contou com a boa vontade das pessoas que o acompanhavam. “Eu tinha apenas um pacote de bolachas comigo. Outros tinham água. Não havia lugar para comprar nada. Cada um ajudava da maneira como podia”, disse. No domingo à tarde, eles voltaram ao aeroporto, onde montaram acampamento até conseguirem embarcar. “Na madrugada de domingo para segunda cancelaram o voo algumas vezes. Primeiro as quatro, depois as sete, depois as nove e meia da manhã. Só consegui embarcar para Doha, minha escala, ao meio-dia”, explica.
No desembarque, a mãe, a garçonete Adriana Ferreira da Silva, de 48 anos, lhe esperava com mais dois amigos. “Quando eu falei com a embaixada em Katamandu me disseram que o nome dele não estava na lista de brasileiros. Fiquei desesperada. Só conseguimos conversar quando ele chegou a Doha”, conta Adriana.
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Números da tragédia
De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério do Interior do Nepal, o número de mortos no terremoto chegou a 5 057, 10 000 feridos. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o tremor afetou oito milhões de pessoas. Destas, pelos menos 1,4 milhão precisam de ajuda urgente com alimentos, água e abrigo.
Esta é a maior catástrofe no Nepal nos últimos 80 anos. A Índia também foi afetada pelo terremoto, 73 pessoas morreram. Na região chinesa do Tibete, foram 25 mortos. Enquanto isso, o balanço de vítimas no Nepal pode aumentar consideravelmente depois que as equipes de resgate chegarem às zonas mais remotas do país, como a região de Lamjung, 70 quilômetros ao oeste da capital, epicentro do tremor e ainda isolada.