Bourbon Shopping: Um gigante na Pompéia
A chegada do novo centro comercial promete agitar a região e a concorrência
A inauguração do Bourbon Shopping Pompéia, prevista para a próxima quinta (27), põe fim com toneladas e toneladas de concreto a uma novela que durou mais de uma década. Daquelas com direito a disputa entre herdeiros, ações de despejo e muito disse-que-disse. Vamos ao enredo. Em 1997, o grupo gaúcho Zaffari, dono da quinta maior rede de supermercados do Brasil, comprou o Shopping Matarazzo, localizado na esquina da Rua Turiassu com a Avenida Pompéia. Aos poucos, o lugar, que já não andava bem das pernas, ganhou um aspecto de abandono, com lojas desativadas, banheiros fechados e raríssimos consumidores. Essa situação perdurou até o fechamento do centro comercial, em 2003. Esperar o fim dos contratos com os lojistas e transformar em pó o que estava erguido ali fazia parte da estratégia da empresa. Pelo que se vê hoje, deu certo.
Com 184 000 metros quadrados de área construída, o Bourbon tem 210 lojas e a ambição de ser uma referência para os moradores da Zona Oeste da cidade. De seus nove andares, cinco são reservados para estacionamento, com 3 000 vagas. A programação e a administração das dez salas de cinema ficarão a cargo de Adhemar de Oliveira, sócio do Unibanco Arteplex, Espaço Unibanco, Cine Bombril e Cine TAM, entre outros. As maiores novidades na área de entretenimento, no entanto, estão previstas para o segundo semestre: uma sala com projeção Imax, que terá tela de 13 metros de altura concebida para exibir também filmes em 3D, e um teatro para 1 500 pessoas. “É a primeira sala com tal tecnologia no país”, afirma Claudio Luiz Zaffari, diretor do empreendimento.
O leque de lojas é bem variado. Além de grandes magazines como Renner e C&A, haverá grifes internacionais, entre elas Armani AX, Tommy Hilfiger e Guess. O hipermercado Zaffari, instalado no térreo, com alimentos, adega, eletrodomésticos e cama, mesa e banho, é o primeiro do grupo gaúcho em São Paulo. Gente disposta a comprar parece não ser problema. Uma pesquisa de mercado encomendada pela empresa identificou 830 000 consumidores potenciais numa área que abrange 88 bairros, com destaque para Perdizes, Lapa, Barra Funda, Higienópolis, Pinheiros e Bom Retiro. “Queremos atrair os moradores que buscavam shoppings em outras regiões”, diz Zaffari, dando a entender que não quer fazer frente ao vizinho West Plaza, a 800 metros do Bourbon. Na verdade, o grupo cobiça os freqüentadores que hoje vão ao Pátio Higienópolis e ao Villa-Lobos. “Identificamos 65% de consumidores das classes A e B nos arredores do Bourbon”, conta Milton Fontoura, diretor da Gismarket, consultoria especializada em pesquisas de mercado. “É uma área com grande potencial.”
Para entrar nessa acirrada disputa, o grupo Zaffari investiu 180 milhões de reais, incluindo 15 milhões de reais em obras de infra-estrutura supervisionadas pelo poder público. Como contrapartida por ter construído além dos limites estipulados pela Lei de Zoneamento, a prefeitura exigiu do novo shopping a instalação de um piscinão com capacidade para 400 000 litros de água de chuva. “Essa medida não acabará com inundações na área”, afirma Vladir Bartalini, gerente de operações urbanas da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), “mas vai impedir o agravamento da situação.” Os empreendedores ainda recapearam vias ao redor do prédio e trocaram alguns semáforos da vizinhança. Foram intervenções importantes para amenizar o impacto que esse novo gigante certamente terá na Pompéia e em seu entorno.
O que o Bourbon tem
184 000 metros quadrados de área construída
180 milhões de reais de investimento
210 lojas, entre elas as das grifes Armani AX, Carlos Miele e Tommy Hilfiger
3 000 vagas de estacionamento
10 salas de cinema funcionam a partir da primeira semana de abril e no segundo semestre entra em operação o Imax, espaço equipado com uma tela de 13 metros de altura e projeção em 3D
1 500 lugares terá o teatro, previsto para ser inaugurado no segundo semestre