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Mulheres com menos de 30 anos recorrem ao Botox

Cresce número de pacientes jovens que adotam o tratamento estético para prevenir o aparecimento de rugas

Por Júlia Gouveia
Atualizado em 1 jun 2017, 17h15 - Publicado em 5 set 2014, 23h00
poliana botox
poliana botox ( Fernando Moraes/)
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A arquiteta Jeiele França tinha 24anos quando notou o surgimento de algumas linhas de expressão na testa, principalmente nas ocasiões em que mexia as sobrancelhas. Elas pareciam naturais, e passariam despercebidas para outras pessoas na mesma faixa etária, mas incomodavam a jovem. Ao relatar seu drama estético a um dermatologista, ele sugeriu uma solução que até então era praticamente restrita a mulheres com pelo menos o dobro de sua idade: aplicações de toxina botulínica, o famoso Botox. “Amei o resultado e ficou super suave”, afirma Jeiele, hoje com 30 anos, que mantém a rotina de refazer o procedimento a cada doze meses.

Casos semelhantes têm sido cada vez mais frequentes nos consultórios da capital. “Desde 2009, houve um crescimento de cerca de 30% na procura de mulheres abaixo dos 30 anos por esse tipo de tratamento”, estima a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Denise Steiner. Algumas clínicas apresentam números ainda maiores. “O fluxo desse tipo de paciente triplicou em cinco anos”, comenta o dermatologista Jardis Volpe. “Eu atendia em torno de duas jovens por mês. Agora são cerca de quinze”, calcula seu colega, Marcos Bonassi. Ao contrário das mulheres mais maduras, que buscam o rejuvenescimento com o método, as jovens estão focadas na prevenção contra o futuro aparecimento de rugas. Assim, começam as aplicações antes que os vincos despontem. “Elas chegam à clínica preocupadas porque a mãe possui marcas e têm receio de ficar iguais”, conta a dermatologista Valéria Marcondes.

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Pessoas que mexem muito a musculatura do rosto ao falar ou sorrir, o que pode gravar a pele precocemente, costumam buscar socorro nos centros estéticos. “Mesmo que ainda não haja linhas na face, é possível identificar se o local poderá ficar enrugado no futuro”, diz a médica Isabel Fernandes. Outra cliente recorrente é a “rata de academia” que faz caretas involuntárias ao levantar muito peso. “Na hora de retocar a maquiagem, comecei a perceber um vinco na testa, que me deixava com cara de brava”, conta a fisioterapeuta Priscila Ferrari, de 29 anos, capaz de sustentar 280 quilos com as pernas em seus exercícios. Depois de duas aplicações da substância em oito pontos do rosto, em outubro do ano passado e em março, virou fã do procedimento. “Consegui aliviar as linhas de expressão e fiquei com um ar natural”, completa.

 

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Enquanto o alvo das pacientes acima dos 40 anos inclui também a pele do pescoço e o contorno dos lábios, as mais novas miram a testa, o espaço entre as sobrancelhas e os célebres pés de galinha. O impacto do tratamento também é diferente: as jovens aplicam a toxina em seis a dez pontos da face; as mais velhas podem utilizá-la em até trinta locais. “Em menos de uma semana já foi possível ver o resultado”, comemorou a engenheira Poliana Alves, de 29 anos. Ela se submeteu duas vezes às injeções, em novembro e em junho passados. Na primeira, aplicou o Botox em dez pontos do rosto; na segunda, em outros oito. “As pessoas comentam que pareço mais nova, mas não sabem identificar o motivo”, diz. Nessa idade, é possível ainda usar o produto para fazer “ajustes finos”, como, por exemplo, levantar suavemente as sobrancelhas e realçar o olhar. Os homens também têm recorrido mais cedo à técnica. Desde 2010, o publicitário Julio Neto, de 33 anos, fez cinco aplicações próximo aos olhos, pois sentia que forçava o local ao sorrir. “Gostei do resultado sutil. Minha intenção não é ter cara de 18 anos para sempre”, justifica.

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Apesar da inexistência de restrições a esse uso precoce, o tratamento estético preventivo não é incentivado por todos os profissionais. “É como uma pessoa magra tomar remédio para emagrecer com a intenção de evitar o ganho de peso”, compara Valéria Marcondes. Assim, o recomendável ainda é esperar o aparecimento de alguma marca — que ocorre, em geral, apenas após os 30 anos — para, então, adotar o procedimento. “Entre as mais jovens, apenas 30% das pacientes realmente têm alguma indicação para a toxina botulínica”, afirma Jardis Volpe, cuja clientela inclui famosas como Regina Duarte e Bruna Lombardi.

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