Musical ‘Bixiga’ preserva memória do tradicional bairro paulistano
Divertida e popular, a montagem foca na rotina dos imigrantes nos cortiços
Na última década, São Paulo caminhou para se firmar como filial da Broadway, com os musicais virando alvo de forte investimento. Espetáculos grandiosos e produções que quase nunca deixam a dever aos exemplares estrangeiros resultam, na maioria das vezes, em ingressos pouco acessíveis a boa parte do público. Diante da aspiração cosmopolita, Bixiga, em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso, pode parecer um primo pobre do gênero — mas não é.
Escrito por Enéas Carlos Pereira, Edu Salemi e Ana Saggese, com direção de Mario Masetti e Carlos Meceni, o musical reúne 23 atores e 25 instrumentistas da Orquestra Jazz Sinfônica, regidos pelo maestro Fabio Prado. A divertida montagem remete ao teatro de revista para focalizar a rotina dos imigrantes nos cortiços e a movimentação das cantinas e dos teatros. Tudo perfeitamente costurado ao gancho dramático do amor proibido entre uma italiana (Alexandra Bragheroli) e um rapaz negro (Eduardo Mafalda).
A ingenuidade e a simplicidade marcam as letras das doze canções, as coreografias e também os números interativos com os espectadores, protagonizados pela atriz Ju Colombo. Nada disso depõe contra. Na cidade dos grandes musicais, ‘Bixiga’ mostra relevância e produção cuidadosa. Deve ser visto como um espetáculo que recupera a história de um tradicionalíssimo bairro e busca uma plateia mais popular e não menos importante.
AVALIAÇÃO ✪✪✪