Continua após publicidade

“O Beijo no Asfalto” preserva a alma transgressora de Nelson Rodrigues

Encenação no Teatro de Arena Eugênio Kusnet faz parte de homenagem ao centenário do dramaturgo

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 14 Maio 2024, 11h30 - Publicado em 28 out 2011, 23h50

Em um país de poucas unanimidades, o dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980) está longe de ser uma delas. Mas seu nome costuma ser lembrado de imediato quando se pergunta quem é o nosso autor mais expressivo. As dezessete peças que escreveu são constantemente revisitadas e, em 2012, ano de seu centenário, as remontagens devem se intensificar. Parceria do Círculo dos Canalhas e da Cia. de Teatro Promíscuo, a tragédia “O Beijo no Asfalto”, escrita em 1961, abre com louvor a série de homenagens, que ocupa o Teatro de Arena Eugênio Kusnet até pelo menos fevereiro. Sob a direção de Marco Antônio Braz, o espetáculo traz elementos raros nas incursões pela obra de Nelson: o espírito transgressor e uma fidelidade ao arquétipo daqueles personagens que, meio século depois, ainda possuem uma incontestável atualidade se o elenco os incorporar de fato.

+ Confira entrevista com o diretor Pedro Almodóvar

+ Veja as melhores peças em cartaz

Hudson Senna interpreta Arandir. Esse sujeito comum, num ato de humanidade, se ajoelha diante de um homem atropelado e lhe beija a boca. Presenciada por um repórter (personagem de Élcio Nogueira), a atitude ganha os jornais e desencadeia perversos segredos, que envolvem o sogro, Aprígio (Renato Borghi), a mulher, Selminha (Gabriela Fontana), e a cunhada Dália (Lívia Ziotti, muito convincente).

Continua após a publicidade

+ Treze peças saem de cartaz neste fim de semana

Apoiado em uma trilha sonora de sambas e projeções que localizam o público, o diretor dá total liberdade para os atores transitarem, sem medo de exagerar nas caracterizações. Inspiradíssimos, Borghi e Nogueira aproveitam a brecha em cenas de forte impacto, como aquela na qual o jornalista incentiva o sogro a vingar-se do genro. Eventualmente, podem até chocar os mais conservadores. Prova de que a polêmica de Nelson continua viva, basta saber entendê-la.

 

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.