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Agência na Paulista facilita serviço de “barriga de aluguel”

A empresa procura mulheres dispostas a gestar filhos de outros casais no exterior

Por Adriana Farias
5 Maio 2017, 19h55
Roy Rosenblatt (à dir.) com o marido e os filhos: nascidos na Índia (Arquivo Pessoal/Veja SP)
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Por treze anos, o casal formado pela auxiliar administrativa Rosana Minari e pelo engenheiro Luciano Minari tentou engravidar. Como ela apresenta problemas na ovulação, os dois foram obrigados a apelar para toda sorte de procedimentos.

Nesse período, aguardaram em intermináveis filas de adoção e passaram por cinco tentativas de fertilização in vitro, nenhuma delas com êxito. No início deste ano, no entanto, eles foram premiados com a notícia da chegada da pequena Maria Eduarda, prevista para outubro.

Ela foi concebida por meio da “gravidez por substituição”, conhecida popularmente como barriga de aluguel. Trata-se de um método no qual um óvulo e um espermatozoide são implantados no útero de outra mulher, que vai gerar a criança. No caso dos moradores de Guarulhos, foram utilizados o gameta de uma ucraniana e o espermatozoide de Luciano.

O bebê está sendo gestado por uma terceira mulher, em Kiev, também na Ucrânia. Essa técnica permite escolher o sexo do filho. “Optamos por uma menina, pois sempre foi nosso sonho”, explica Rosana. O casal contou com a ajuda de uma agência dedicada exclusivamente ao procedimento, a israelense Tammuz.

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Rosana e Luciano Minari: a filha Maria Eduarda nascerá em outubro na Ucrânia (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Criada há nove anos, a empresa abriu um escritório na Avenida Paulista em 2015 e hoje é a única do país autorizada a realizar a intermediação entre brasileiros e gestantes no exterior. Desde a chegada à capital, a Tammuz foi responsável pela “entrega” de trinta bebês; atualmente, dispõe de outros trinta casais clientes que estão no meio do processo.

A procura pelo serviço aumentou 20% nestes dois anos. O dono do negócio por aqui é o ex-cônsul de Israel no Brasil Roy Rosenblatt, que entrou no ramo a partir da própria experiência. Ele e seu marido, o especialista em medicina chinesa Ronen Rosenblatt, recorreram à barriga de aluguel em 2011 com a ajuda da Tammuz em Israel.

O casal tem dois filhos, Saar e Rotem, que foram gestados na Índia e hoje estão com 5 anos. “Ao contar minha história, percebi que muita gente tinha o mesmo sonho e não sabia por onde começar”, diz Roy. No Brasil, a gravidez por substituição é permitida desde que seja autorizada pelo Conselho Regional de Medicina e não exista remuneração envolvida.

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Como é difícil encontrar alguém disposto a fazer esse papel, muitos casais recorrem a barrigas de aluguel nos países que aceitam que as mulheres realizem o procedimento mediante pagamento, caso dos Estados Unidos, da Ucrânia, da Grécia e da Rússia. A função da Tammuz, nesse caso, é facilitar o processo. A empresa oferece assistência jurídica e médica, além de acompanhamento no exterior. Também providencia a documentação brasileira do bebê.

Dri, Gael e Tuco barriga de aluguel
Adriana e sua família: Gael foi gestado no Nepal (Leonardo Iglesias/Veja SP)

O serviço custa entre 150 000 e 345 000 reais, já incluindo o cachê da gestante. Esse valor é a metade do que se desembolsa ao fazer tudo por conta própria. O preço mais baixo é possível graças a parcerias da agência com prestadores de serviços em cada país.

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Ele abrange até gastos indiretos, como a contratação de um detetive particular caso a gestante desapareça — segundo a agência, isso só ocorreu uma vez em nove anos, e a mulher foi encontrada na casa da sua mãe, que havia passado mal. “Eu me senti muito segura, nunca fiquei sem receber informações sobre a gestação”, comenta a atriz Adriana Garambone, que contratou o serviço em 2015.

Seu filho Gael, de 1 ano e 5 meses, foi gestado no Nepal com material genético dela e do marido, o psicoterapeuta Arthur Papavero. Até então um dos grandes fornecedores de bebês por meio da técnica, o país asiático proibiu recentemente a prática a casais estrangeiros, a mesma medida adotada por México e Tailândia.

No Brasil, especialistas em reprodução humana veem o método com ressalvas. “É errado comercializar a vida de um ser humano”, diz Newton Busso, presidente da Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva.

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