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Ele só atravessava na faixa, diz irmão de idoso atropelado

A suspeita da polícia é de que o atropelador estaria envolvido em um racha

Por Estadão Conteúdo
16 jan 2018, 08h42
"Tudo indica que houve um racha", disse o delegado titular do 23º Distrito Policial (foto), Marcel Druziani. (Reprodução / Google Street View/Veja SP)
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Oswaldo Borin, de 79 anos, voltava de uma missa pouco antes das 21h de domingo (14), quando foi atingido por um veículo em alta velocidade na faixa de pedestres no cruzamento das Avenidas Heitor Penteado e Pompeia, na Vila Madalena. Caiu a alguns metros de distância, sobre a inscrição de “ônibus” na pista. A suspeita da polícia é de que o atropelador estaria envolvido em um racha.

Segundo Mário Aparecido Borin, de 72 anos, irmão de Oswaldo, o idoso voltava de uma celebração na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Entrou no metrô na Estação Sumaré e desembarcou na Vila Madalena.

Para chegar ao apartamento, bastava atravessar a rua. Borin fazia questão de utilizar as travessias de pedestres, por segurança. Dessa forma, passou pela faixa da Praça Américo Jacomino e chegou à da Avenida Heitor Penteado, onde foi atropelado antes de chegar à última, na Avenida Pompeia.

“O detalhe maior sabe qual é? É que, quando eu andava com ele por aqui, não me deixava atravessar fora da faixa. Ele me falava o seguinte: ‘Aqui a dona fulana foi atropelada’, ‘Ali, o senhor fulano foi atropelado'”, lembra o irmão. “Foi uma armadilha para ele, porque vinha na faixa”, lamenta Mário.

“Ele só andava de metrô e a pé. Para ele, a saúde era primordial. Não bebia, não fumava, não jogava”, recorda o irmão. “Ainda não acreditei. Parece que eu vou acordar daqui a pouco e ele vai me ligar”, conta.

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Borin não teve filhos, nunca foi casado, deixou o trabalho de torneiro mecânico no ano passado e era o mais velho de sete irmãos. “Não tenho mais nenhum. Era o último vivo”, lamenta Mário. “A igreja era a ação social dele. Estava sempre por lá.”

Muito próximo da família, Borin costumava ligar para os parentes frequentemente. A cineasta Ludmila Borin, de 36 anos, relata que recebia telefonemas do tio diariamente enquanto se recuperava de três cirurgias. “Ele tinha a saúde até melhor do que a minha”, conta.

Já a cunhada Alzira Borin, de 69 anos, relata o lado amigável do idoso. “Era até ingênuo de tão bom. É raro encontrar uma pessoa com a simplicidade dele.”

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Mário espera a identificação rápida do motorista que atropelou seu irmão. “Alivia de certa forma, não dá para consertar mais. Se você vê uma ação com uma punição, fica mais confiante das coisas.”

Segundo testemunhas, um veículo Fiat branco teria atingido o aposentado ao fazer um racha com um Gol azul metálico – cuja placa, de Osasco, foi identificada por um motociclista que seguiu os motoristas após testemunhar o atropelamento.

“Tudo indica que houve um racha. Testemunhas presenciais, antes do atropelamento, tomaram fechadas desses veículos, e uma delas viu uma tatuagem no braço de um dos motoristas”, disse o delegado titular do 23º Distrito Policial, Marcel Druziani.

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A polícia ainda busca gravações de câmeras de segurança da região. “Mas não são as únicas provas. As testemunhais são muito boas, até porque são pessoas que não guardam relação com os envolvidos, que não teriam qualquer motivo para mudar a verdade” aponta Druziani.

Após o atropelamento, os envolvidos teriam seguido pela Avenida Heitor Penteado, no sentido Lapa. Com a informação da placa, o proprietário do Gol, fabricado em 1991, já foi identificado, mas negou ter participado de um racha. Segundo Druziani, trata-se de um caso atípico. “Aqui na nossa região, de Perdizes, Barra Funda Pacaembu, Pompeia, são raríssimos os casos (de racha). Esse é o segundo em um ano.”

Dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado (Infosiga), apontam que 45% das vítimas de trânsito na cidade, entre janeiro e novembro, eram pedestres. Entre aquelas com idade identificada, 43,9% (142 pessoas) têm mais de 60 anos.

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