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Artista plástico Carlos Vergara participa de leilão beneficente pelo RS

Gaúcho estava com uma grande exposição em Porto Alegre quando houve a tragédia, mas teve obras preservadas

Por Alice Granato
24 Maio 2024, 08h30
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Retrato de Carlos Vergara feito por Walter Carvalho (Walter Carvalho/Divulgação)
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O artista plástico Carlos Vergara, 82, é gaúcho de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ele estava com uma grande exposição em Porto Alegre, Carlos Vergara — Poética da Exuberância, com curadoria de Luiz Camillo Osório, acontecendo simultaneamente na Fundação Iberê Camargo e no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), quando a tragédia das enchentes foi deflagrada.

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O Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS): atingido pela água, mas as obras ficaram preservadas (Camila Diesel/Sedac/Divulgação)

A mostra era uma ampla e histórica individual sobre sua trajetória. “Estávamos em Porto Alegre, minha mulher, Bia, e eu, para o encerramento da exposição. A água atingiu o subsolo do MARGS e a minha exposição era no segundo andar”, relata ele. “A equipe do museu retirou as obras na mão e trabalhou heroicamente para salvar o acervo.”

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Obras da produção atual de Vergara no MARGS (Marcelo Curia/Divulgação)

As duas instituições ficam próximas do Rio Guaíba. Na Fundação Iberê, Vergara exibia uma retrospectiva do seu trabalho, e no MARGS, sua produção atual. “Foram complementares, o Luiz Camillo foi muito rigoroso nas escolhas. Para a retrospectiva, abri minhas mapotecas, que não abria há anos, e achei obras dos anos 50 e 60”, conta. “Nos espaços do museu, foi muito boa a conversa com Iberê através dos nossos trabalhos.”

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A retrospectiva na Fundação Iberê Camargo (Nilton Santolin/Divulgação)

O artista estava hospedado em um hotel alto e não sofreu maiores consequências, embora tenha ficado sem água. “Eu vi a catástrofe da cidade”, conta. “A água dos quartos vinha da piscina; enchiam baldes, foi uma loucura. Sou gaúcho e ver meus conterrâneos passando por tudo isso foi muito triste.”

Para sair de Porto Alegre e voltar ao Rio, cidade onde vive há mais de seis décadas e onde tem seu ateliê, no bairro de Santa Teresa, o artista teve de alugar uma van para Florianópolis, e levou oito horas para chegar lá saindo da capital gaúcha.

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Convidamos Vergara para fazer a Mural SP desta semana, em um trabalho-homenagem à sua terra natal. Da série Missões, que ele desenvolve a partir das Missões do Rio Grande do Sul, trazemos a obra São Miguel Arcanjo, feita com tinta acrílica, pigmentos naturais e pó de mármore sobre lona crua, datada de 2024.

Vergara vai participar de um leilão beneficente, doando obras em prol das vítimas da catástrofe. “Em um mundo assolado pela violência e estupidez humana, e pela consequente crise climática, é pela fé, pela força interior e solidariedade que se poderá encontrar o caminho da reconstrução.

Publicado em VEJA São Paulo de 24 de maio de 2024, edição nº 2894

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