Arte Fora do Museu: guia de arte urbana em São Paulo
Projeto reúne 103 obras de fácil acesso espalhadas pelo centro expandido e tem versão para iPhone
O projeto Arte Fora do Museu criou um catálogo virtual para apresentar obras de arte espalhadas pelas calçadas paulistanas. Também com aplicativo para iPhone, a iniciativa mapeia esculturas, prédios, grafites e murais nas proximidades do centro expandido. Todas as obras têm acesso fácil e gratuito.
Os 103 itens do catálogo foram reunidos ao longo de seis meses pelos jornalistas Felipe Lavignatti e Andre Deak. Além de informações sobre as obras, o projeto traz vídeos com explicações de especialistas como o grafiteiro Pato, Ricardo Ohtake e Valter Caldana, Rosana de Paula Prado e Isabel Ruas.
+ Treze monumentos que você vê todo dia e talvez não conheça
+ São Paulo ganha museu de arte urbana a céu aberto
A ideia surgiu em 2007, enquanto Lavignatti visitava uma exposição na Faap. “Vi que lá havia obras do Aleijadinho e me surpreendi. Não sabia que estavam ali, escondidas.” O passo seguinte foi procurar Fabio Cypriano, seu professor de história da arte na época, que lhe indicou outras obras escondidas pela cidade.
A ideia saiu do papel em 2010, quando Deak sugeriu inscrever um mapeamento de obras de grafite na Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet. “Sugeri tornar o projeto um pouco mais megalomaníaco e incluir arquitetura e esculturas. Acabamos em primeiro lugar”, conta Lavignatti.
Para Lavignatti, o projeto é uma forma de redescobrir a cidade. “Na Praça da República, por exemplo, tem um mural no topo de um prédio. Todo mundo passa por lá e ninguém o vê.”
O lançamento oficial do projeto acontece nesta quinta-feira (27) às 19h, na Casa de Cultura Digital. O evento é gratuito e aberto ao público.
Quatro obras que você precisa conhecer (por Felipe Lavignatti):
Fotos: Andre Deak
Mube – Museu Brasileiro da Escultura, edifício de Paulo Mendes da Rocha
“O prédio dá três visões a quem o vê. Se você está na rua principal, parece só um elevado. Se você dá a volta na rua e vai por baixo, dá para perceber a estrutura, que é elevada. De trás, parece uma escultura. É bem harmonioso.”
Homenagem a Federico Gracia Lorca, escultura de Flávio de Rezende Carvalho
“Foi instalada em 1968, durante a ditadura militar. No ano seguinte, explodiram a obra em um atentado e ela foi levada para o ateliê do escultor. Demorou dez anos para que alunos da ECA e da FAU se mobilizassem para restaurar a peça e a devolver ao seu local de origem”.
Beco do Aprendiz, grafite de vários artistas
“O beco era um córrego de água, antes ocupado por mendigos e usuários de drogas. Os grafiteiros ocuparam o local e de certa forma o revitalizaram. É bem escondido, atrás de uma quadra em uma viela pouco acessada. Acho muito mais bem realizado que o Beco do Batman, mais famoso, na Vila Madalena. É um dos poucos lugares onde grafite e pichação convivem bem.”
Mural na Rua Xavier de Toledo, de Tomie Ohtake
“Parece uma pintura de prédio normal, mas tem todo um desenho, um conjunto de cores harmonioso. É a típica obra que você passa em frente e não se dá conta.”