Arranha-céus de SP têm horários limitados nos fins de semana
No Edifício Itália, turista só tem uma hora por dia para visitação. O Martinelli passou a abrir nas manhãs de domingo
Para quem gosta de apreciar a beleza de uma metrópole, nada como subir no alto de um prédio e ver a cidade de cima. É o que fazem os turistas no Empire State de Nova York ou na Torre Eiffel, em Paris. Em São Paulo, símbolos da cidade oferecem esse tipo de visitação, mas com um problema: os horários dos fins de semana são limitados. Em alguns casos, só abrem nos dias úteis, em horário comercial.
É o caso do Edifício Altino Arantes, mais conhecido como Torre do Banespa ou “Banespão”, na Rua João Brícola, no centro de São Paulo. Com 40 andares, possui um mirante, de onde se descortina uma vista em 360º da cidade. Mas quem tem só o fim de semana para passear pela capital não sabe disso: a visitação acontece apenas de segunda a sexta, das 9h às 15h. Como pertence a um banco, o Santander, o mirante também está sujeito aos mesmos problemas de uma agência: durante a greve dos bancários, a reportagem da VEJASÃOPAULO.COM esteve no local, mas não pôde subir porque não havia funcionários suficientes para fazer o atendimento.
A assessoria de imprensa do Santander afirma que “por questão de organização, estipulamos este período de visitação” para “garantir aos visitantes infra-estrutura e atendimento de qualidade”. Não há planos de estender o horário de visita e o banco não informa quantas pessoas trabalham no mirante para receber os turistas.
A mesma dificuldade é encontrada no icônico Edifício Itália, na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís, também no centro. Lá, o horário de visitação do mirante é ainda mais apertado: de segunda a sexta, das 15h às 16h. Nos fins de semana só entra no local o turista que for também cliente do restaurante que funciona no último andar, o Terraço Itália. Questionada sobre o porquê de oferecer apenas uma hora no meio da tarde para o turista, a assessoria do Terraço afirmou que é “um horário de menor movimento do restaurante e do bar, assim podemos deixar os visitantes mais a vontade para apreciar a vista”.
A administração já chegou a cobrar, até dois anos atrás, uma taxa de entrada de 20 reais. Hoje, a visita é gratuita. Mas por que está proibida nos fins de semana para o público em geral? “Devido ao grande movimento no restaurante e bar”, informou a assessoria do local.
Considerado um dos primeiros arranha-céus de São Paulo – os 26 andares eram um escândalo para 1934 – o Edifício Martinelli ficou fechado para reforma durante anos. Reaberto em 2010 e repleto de escritórios de sindicatos e repartições públicas, o belo terraço cor-de-rosa segue o horário dos funcionários: de segunda a sexta, das 9h30 às 11h30, e das 14h às 16h. Nos sábados, abria das 9h às 13h e frustrava quem passava por lá depois do almoço. O administrador Walter Camargo estendeu o horário do sábado até 15h e, por causa do público da ciclofaixa, passou a abrir o mirante aos domingos, das 9h às 13h.
“Não temos nenhuma ajuda. Um dos nossos zeladores faz o atendimento, o bombeiro também faz as vezes de guia. Nunca houve uma conversa formal para incluir o Martinelli no roteiro turístico da cidade”, conta Camargo. Mesmo sendo um lugar bonito e histórico em São Paulo, tem uma média de apenas 40 visitas por dia. “No último ano deu uma aumentada e chegamos a ter 2 000 mil visitantes por mês”.
No Martinelli, 65% dos visitantes são paulistanos – a maioria grupos escolares. Só 13% são estrangeiros e 11% turistas de outros estados do Brasil. O restante vem da Região Metropolitana e interior.