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Apagão e buracos: enterramento de fios causa problemas na Vila Olímpia

Programa SP Sem Fio prometia mudar o cenário do bairro até 2018, mas será adiado por atrasos nos trabalhos das empresas de telecomunicação

Por Guilherme Queiroz
22 jan 2019, 15h16
 (Marcelo D. Sants/Estadão Conteúdo/ Twitter @correiape/ Reprodução/Veja SP)
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Um imenso emaranhado de fios, enfeitado com gambiarras dos mais diversos tipos, postes e constantes quedas de energia: esse é a paisagem comum da rede elétrica paulistana. Grande parte da distribuição de energia para os imóveis são realizados por meio da chamada fiação aérea. Lançado pela prefeitura no final de 2017, o programa SP Sem Fio previa mudar esse cenário enterrando cabos em algumas regiões, em uma diminuição simbólica de cerca de 0,1% do total da rede do município.

Na Vila Olímpia, bairro da Zona Sul contemplado no projeto com treze ruas – o que resultaria em 4,4 quilômetros de fios enterrados e o sumiço de 321 postes -, as obras têm, no entanto, causado dor de cabeça a comerciantes e pedestres.

Em um primeiro momento, a Enel, ex-Eletropaulo, teve de interditar calçadas de vias movimentadas para a realização de obras. Ao o fim das ações, alguns dos passeios ficaram em situação precária, tornando-se um risco para os pedestres. Além disso, os comerciantes passaram a relatar quedas constantes de energia por ali.

O combo de problemas atinge vias como a Rua Gomes de Carvalho. No lado da calçada que segue em direção ao restaurante Wendy’s, o cenário é esburacado. “Você precisa andar com cuidado, tem muita terra e pedras soltas”, conta Paula Sampaio, funcionária de uma gráfica que fica naquela rua.

calçada da Rua Gomes de Carvalho
Calçada da Rua Gomes de Carvalho (Acervo pessoal/ Divulgação/Veja SP)
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A região tem uma considerável circulação de pedestres, por receber os passageiros que embarcam e desembarcam da vizinha Estação Vila Olímpia, da CPTM. “Quando chove é um problema, vira um lamaçal”, conta Paula, que inclui a Rua Funchal com trechos problemáticos.

Apesar da Enel ter finalizado o enterramento dos cabos de energia na região, falta ainda uma etapa. As empresas de telecomunicação precisam também passar os fios pelo subsolo. Segundo a prefeitura, as obras deveriam ter sido finalizadas até julho do ano passado. Somente após as companhias passarem os fios é que os postes serão retirados dali e então será realizado o recapeamento dessas calçadas.

Como as empresas não cumpriram o prazo original, um novo cronograma foi proposto pela Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Telcomp). Agora, as obras devem ser realizadas até junho. Procurada, a entidade não respondeu as perguntas de VEJA SÃO PAULO até a publicação desta reportagem.

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A energia que vem do subsolo também é alvo de queixas. Os comerciantes da Vila Olímpia relatam diversas quedas de força, o que vem causando prejuízos aos negócios. Entre os principais afetados, constam os proprietários das dezenas de restaurantes dali.

Em um grupo de WhatsApp dos donos de estabelecimentos da região, pelo menos cinquenta empresários relataram apagões após o enterramento, finalizado neste mês. O resultado é prejuízo. “As pessoas estão parando de vir, nesse calor não aguentam almoçar sem ar condicionado”, conta a empresária Nelsi Fedrigo, proprietária do restaurante Gaia Grill, na Avenida Doutor Cardoso de Melo.

Para outra comerciante da região, mais um problema é a falta de planejamento. “A rede elétrica que eles instalaram não aguenta os picos de funcionamento, como na hora do almoço”, conta Maria Teresa Pereira, proprietária do Espaço Hibisco, também na Cardoso de Melo. Segundo ela, transformadores acabam queimando por não suportarem a carga, o que não acontecia antes do enterramento.

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“A rede nem sempre fornece a energia a 220 volts, o que faz com que muitos equipamentos não funcionem”. Maria relata que mesmo quando a rede fornece a energia prometida, perde força ao longo do dia, o que faz com que equipamentos sobrecarreguem e acabem queimando. “Já perdi um ar condicionado, só nesse episódio foram 5 000 reais. Sem falar no freezer que parou de funcionar, perdi todos os alimentos que estavam ali dentro”.

Segundo a Enel, medidas estão sendo tomadas para resolver o problema. “A Enel Distribuição São Paulo esclarece que executou uma obra emergencial, em dezembro para aprimorar o fornecimento de energia daquela região. A distribuidora está na segunda fase desse projeto, com conclusão prevista para final de janeiro.” A companhia, no entanto, informa que o problema não tem relação com o enterramento de fios.

As treze ruas que fazem parte do programa na região da Vila Olímpia são Rua Funchal, Rua Gomes de Carvalho, Alameda Raja Gabaglia, Rua Tenerife, Alameda Vicente Pinzon, Rua Olimpíadas, Avenida Chedid Jafet, Avenida das Nações Unidas, Avenida Doutor Cardoso de Melo, Avenida dos Bandeirantes, Rua Beira Rio, Rua Pequetita e Rua Coliseu.

O programa SP Sem Fio inclui ainda 117 ruas, a retirada de 2 109 postes e enterramento de 52 quilômetros de fios na região central. No entorno do Mercado Municipal serão quarenta ruas, de onde serão retirados 584 postes e enterrados 9 quilômetros de fios.

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